Dólar e Ibovespa sobem com cenário internacional e apreensão política

Expectativa com taxas de juros no Brasil e EUA, promulgação da PEC que viabiliza o auxílio emergencial e negociações para troca de comando no Ministério da Saúde influenciaram o mercado nesta segunda-feira

  • Por Jovem Pan
  • 15/03/2021 18h29
Agência Brasil Imagem desfocada de duas notas de US$ 100 Dólar recua em meio ao alívio dos investidores com o risco de crise gerada pela empreiteira chinesa Evergrande

O mercado financeiro brasileiro operou nesta segunda-feira, 15, sobre forte pressão do ambiente internacional com o avanço da vacinação contra a Covid-19 nos Estados Unidos e com investidores à espera da decisão do Banco Central local (Fed, em inglês) sobre a política de juros na próxima quarta-feira, 17, e apreensivo com o cenário doméstico pela promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que viabiliza a retomada do auxílio emergencial, as negociações para a troca do comando no Ministério da Saúde e a iminente alta da taxa de juros após a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), também nesta quarta-feira. Diante de todas essas forças, o dólar fechou com alta forte de 1,43%, a R$ 5,639, após bater máxima de R$ 5,656 e mínima de R$ 5,533. Seguindo o bom humor internacional, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com avanço de 0,6%, aos 114.850 pontos.

Investidores seguem repercutindo o avanço da imunização contra o novo coronavírus nos EUA e as expectativas da normalização das atividades econômicas mais cedo que o previsto. Também nos EUA, o Banco Central se reúne nesta quarta-feira para definir elevará a taxa de juros ou se vai seguir na política de manter o índice próximo de 0% ao ano. No mesmo dia, o Banco Central brasileiro deve divulgar aumento da Selic, a taxa de juros da economia brasileira, após o congelamento a 2% ao ano desde agosto de 2020. O avanço da inflação desde o último trimestre do ano passado leva analistas preverem alta de ao menos 0,25 ponto percentual no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado financeiro espera que a Selic encerre o ano a 4,5%, segundo o Boletim Focus divulgado nesta manhã.

Ainda na pauta doméstica, o Congresso promulgou nesta manhã a PEC que viabiliza a retomada do auxílio emergencial após a aprovação em definitivo do texto pela Câmara dos Deputados na semana passada. O projeto passou com limite de R$ 44 bilhões ao benefício e cláusulas de ajuste fiscal, conforme defendido pela equipe econômica. A expectativa é que o governo federal encaminha nos próximos dias a medida provisória que oficializa o retorno do auxílio emergencial. As parcelas irão variar de R$ 175 a R$ 375, a depender da configuração familiar, com base em R$ 250. O benefício será pago em quatro parcelas e a expectativa do Palácio do Planalto é que o pagamento saia no início de abril.

O mercado também segue atento às tratativas em Brasília para a saída do general Eduardo Pazuello do comando do Ministério da Saúde no momento que o país passa pelo pior momento da pandemia do novo coronavírus. Em entrevista coletiva no fim da tarde desta segunda-feira, Pazuello confirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) planeja a reorganização da pasta, mas negou atritos e disse que se manterá à frente do ministério. “Posso ser substituído à curto, médio ou longo prazo. O presidente está nesta tratativa para reorganizar o ministério. Enquanto isso não for definido, a vida segue normal. Não estou doente, não pedi para sair e nenhum de nós temos nenhum problema. Estamos focados na missão. Quando o presidente tomar sua decisão, faremos uma transição correta, como manda o figurino”, disse.

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