Dólar tem em maio 1ª queda mensal de 2020 e fecha a semana a R$ 5,33

  • Por Jovem Pan
  • 29/05/2020 18h18
Adriana Toffetti/Estadão Conteúdo Mão segura notas de dólar O real manteve o pior desempenho ante o dólar nos principais mercados emergentes

O dólar caiu 1,83% em maio, o primeiro mês de 2020 a fechar em queda. A última baixa mensal havia sido em dezembro de 2019. A moeda americana também acumulou a segunda semana seguida de desvalorização. Na sessão desta sexta (29), houve dois movimentos distintos.

Pela manhã, fatores técnicos predominaram e o dólar operou em alta, por conta da disputa entre investidores pela formação do referencial Ptax de maio, usado em contratos cambiais e balanços corporativos. Nos negócios da tarde, a divisa americana caiu após a entrevista de Donald Trump sobre a China não trazer maiores novidades sobre medidas de retaliação da Casa Branca ao país asiático.

Nas mesas de câmbio persiste ainda a cautela com o ambiente político. O dólar à vista fechou a sexta-feira em queda de 0,82%, a R$ 5,3389. O dólar futuro para julho recuava 1,53%, a R$ 5,3345 às 17h.

Relação EUA-China

Um dos temores ontem era de que Trump fosse anunciar nova rodada de aumento de tarifas ou alterasse o acordo comercial fase 1, o que pioraria ainda mais a relação entre Washington e Pequim. No entanto, na entrevista, as medidas se limitaram a cidadãos chinesas e a retirada do tratamento diferencial dos EUA a Hong Kong. “Não houve nenhuma notícia bombástica”, avalia a diretora em Nova York de moedas da BK Asset Management, Kathy Lien.

A coletiva de imprensa não revelou nada excepcionalmente prejudicial para a relação entre China e EUA e ainda não houve menção de tarifas ou de mudanças no acordo comercial fase 1 assinado entre os dois países, completa a analista.

Real

Apesar da queda no mês, o dólar fechou maio acumulando valorização de 33% em 2020, com o real ainda mantendo o pior desempenho ante o dólar nos principais mercados emergentes. O sócio da Ibiuna Investimentos, Rodrigo Azevedo, ex-diretor do Banco Central, ressaltou em live do Credit Suisse que o dólar chegou a subir 45% este ano, mais do que as maxidesvalorizações dos anos 80 ou 90, quando a disparada chegava ao redor dos 30%.

Para Azevedo, os juros têm espaço para cair mais, como mostram os canais do crédito, de câmbio e das expectativas, mas o processo precisa ser conduzido com cuidado. “Se vai testar o limite para baixo da taxa de juros vai testar para cima o limite da taxa de câmbio”, disse ele. Para o ex-diretor do BC, o câmbio pode até ir se depreciando, “mas temos que ter cuidado com níveis excessivos”. “O câmbio ainda é termômetro de confiança”, comentou.

Na mesma live, o ex-diretor do BC, Daniel Gleizer, atualmente pesquisador na Universidade de Columbia, em Nova York, disse que o Brasil tem uma “tempestade perfeita”, com uma crise sanitária, uma econômica e uma política. “Não tem ninguém que está tendo uma crise política desta magnitude”, afirmou. “Diferenças sempre existem no mundo político, aqui estamos em situação de falta de coordenação e pressão dos Estados para perdão de dívida”, completou.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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