Dólar recua com mercados à espera de juros no Brasil e nos EUA; Bolsa sobe

Câmbio se mantém abaixo de R$ 5,10 com investidores aguardando os rumos monetários; Ibovespa volta aos 130 mil pontos

  • Por Jovem Pan
  • 14/06/2021 17h26 - Atualizado em 15/06/2021 12h23
Dado Ruvic/Reuters Cédulas de dólar enroladas em frente um fundo vermelho Inflação ao consumidor vai ao maior nível desde dezembro de 1990

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta segunda-feira, 14, com investidores à espera da definição dos juros no Brasil e nos Estados Unidos. As autoridades monetárias dos dois países irão divulgar nesta quarta-feira, 16, os rumos das taxas, com perspectivas opostas. Enquanto do Banco Central dos EUA (Fed) é esperada a manutenção dos juros em patamar reduzido, no Brasil se especula o grau de intensidade da alta em meio ao avanço das pressões inflacionárias. Diante destes cenários, o dólar encerrou com queda de 1,01%, cotado a R$ 5,071. A moeda chegou a bater máxima de R$ 5,112, enquanto a mínima não passou de R$ 5,056. O câmbio encerrou a semana passada com alta de 1,12%, cotado a R$ 5,123. O bom humor se estendeu para o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, que encerrou o dia com alta de 0,59%, aos 130.207 pontos. O principal índice da B3 chegou a romper a linha dos 131 mil pontos, mas perdeu fôlego ao longo da manhã. O pregão de sexta-feira, 12, fechou com queda de 0,49%, aos 129.441 pontos.

Investidores de todo o mundo aguardam pela posição da autoridade monetária dos EUA nesta quarta-feira e as possíveis mudanças na política de estímulos. A expectativa é que o Fed mantenha os juros baixos e a compra de títulos públicos, a despeito dos recentes avanços da inflação. A mudança na estratégia poderia impactar em um crescimento menor da principal economia do globo e drenar parte dos dólares do mercado internacional. Já no Brasil, a situação é o inverso. A maior aposta do mercado é para um novo acréscimo de 0,75 ponto percentual da Selic, jogando a taxa para 4,25% ao ano, em meio ao avanço da inflação, que foi a 0,83% em maio e acumulou alta de 8,06% em 12 meses. A alta deve seguir até o fim do ano por causa do processo de recomposição integral da política monetária, e não mais parcial como vinha se falado até então, com os juros ainda em patamar reduzido para dar tração à retomada econômica. A expectativa do mercado é que a Selic encerre o ano a 6,25%, segundo dados do Boletim Focus divulgados hoje. A previsão dos analistas para a inflação também foi alterada para cima, passando a 5,82%. A estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) foi para 4,85%, enquanto o câmbio foi estimado em R$ 5,18.

Ainda na pauta doméstica, membros do Ministério da Economia confirmaram que o auxílio emergencial vai ser renovado até outubro por causa do atraso no cronograma de imunização contra o novo coronavírus. O benefício, que estava previsto para ser encerrado em julho, manterá o mesmo número de participantes e o valor de parcelas. Atualmente, cerca de 40 milhões de famílias recebem mensalidades que variam de R$ 150 a R$ 375, com ticket médio de R$ 250. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia afirmado na semana passada que o auxílio seria renovado “por mais dois ou três meses”, a custo de R$ 18 bilhões aos cofres públicos. O governo vai lançar mão de R$ 11 bilhões por meio de crédito extraordinário — fora do teto de gastos —, com mais R$ 7 bilhões que sobraram do orçamento previsto pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, responsável pela reedição do benefício neste ano. A proposta do governo é encerrar o programa com o lançamento do novo Bolsa Família, com o maior número de beneficiados e parcelas mais robustas.

Na agenda de indicadores, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB)avançou 0,44% em abril, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta segunda-feira. Na relação com o mesmo mês do ano passado, o crescimento foi de 15,92%. O resultado positivo recupera parte das perdas de março, quando o indicador registrou queda de 1,59%. No primeiro trimestre, o IBC-Br fechou com avanço de 2,3%, em paralelo com os três últimos meses de 2020. No acumulado do ano, o índice apresentou crescimento de 4,77%, enquanto nos últimos 12 meses, o indicador ainda soma recuo de 1,2%.

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