Dólar recua e fecha a R$ 5,50 após intervenção do BC; Bolsa recupera os 113 mil pontos

Autoridade monetária agiu após câmbio alcançar R$ 5,57; aumento da inflação e redução de estímulos monetários nos EUA pressionam mercados

  • Por Jovem Pan
  • 13/10/2021 17h21
Gary Cameron/Reuters Cédula de dólar Dólar abriu sexta-feira em queda, mas inverteu o sinal após inflação acima do esperado

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam esta quarta-feira, 13, no campo positivo, após a intervenção do Banco Central e a despeito das incertezas no cenário internacional. O dólar encerrou com queda de 0,51% ante o real, cotado a R$ 5,509. A divisa norte-americana passou a maior parte da sessão em alta e chegou a bater a máxima de R$ 5,573, enquanto a mínima não passou de R$ 5,500. O sinal inverteu para baixo por volta das 15h10, após o BC intervir e ofertar 20 mil contratos de swap cambial tradicional. A divisa norte-americana encerrou a sessão de segunda-feira, 11, com elevação de 0,38%, a R$ 5,537, a maior cotação em seis meses. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou o dia com alta de 1,14%, aos 113.455 pontos, o melhor resultado desde o fim de setembro. O último pregão encerrou com queda de 0,58%, aos 112.180 pontos.

Os preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) foram a 0,4% em setembro, na comparação com agosto, de acordo com dados do Departamento do Trabalho. Na variação anual, o indicador, considerado um dos principais indicadores da inflação norte-americana, registrou alta de 5,4%, o mais expressivo desde janeiro de 1991. O resultado foi mais forte do que o projetado pelos analistas. Assim como em outras partes do globo — incluindo o Brasil —, o aumento da energia elétrica foi um dos grandes vilões da inflação no mês. Descontando a tarifa energética e o preço dos alimentos, o CPI registrou variação de 0,2% no mês, e 4% na base anual. Os EUA também sofrem com o forte reajuste dos combustíveis, com alta de 1,2% na gasolina, totalizando elevação de 42,1% em um ano. O aumento da inflação intensifica os temores do mercado para a redução dos estímulos monetários do Banco Central dos EUA (Fed, na sigla em inglês). A ata da reunião realizada em setembro e divulgada nesta tarde mostrou que o corte na aquisição de títulos públicos, também chamado de tapering, pode iniciar de forma gradual já em novembro com a redução de compra para US$ 110 bilhões, ante os atuais US$ 120 bilhões. Os integrantes do Fed, no entanto, não indicaram mudanças na taxa de juros, atualmente em patamares mínimos.

No cenário doméstico, a inflação também foi assunto na pauta dos investidores. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 1,16% em setembro, puxado principalmente pela alta da energia elétrica. O resultado fez o acumulado dos 12 meses romper a barreira dos dois dígitos e ir a 10,25%, o índice mais elevado desde fevereiro de 2016. O mercado financeiro revisou para cima a perspectiva do IPCA em 2021 e 2022 para 8,59% e 4,17%, respectivamente. A evolução da inflação forçou o Banco Central a acelerar a trajetória de elevação dos juros. A autoridade monetária subiu a Selic a 6,25% ao ano ao acrescentar 1 ponto percentual na taxa na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e afirmou que deve manter esse ritmo no próximo encontro. O mercado espera que a Selic encerre este ano a 8,25%, e vá a 8,75% em 2022.

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