Dólar vai a R$ 5,67 com piora da pandemia; Bolsa sobe 1,5% após fala de Campos Neto

Câmbio fecha em alta com investidores temorosos pelo aumento de infecções e mortes por Covid-19; presidente do BC afirma que política de juros não interfere na recuperação da economia

  • Por Jovem Pan
  • 25/03/2021 17h31 - Atualizado em 25/03/2021 20h43
Agência Brasil Dólar volta a fechar a semana acima de R$ 5 com investidores avaliando riscos políticos domésticos Dólar recua com mudança no mercado internacional e otimismo por medicação contra o novo coronavírus

O mercado financeiro brasileiro oscilou na maior parte desta quinta-feira, 25, com o agravamento da pandemia do novo coronavírus, incertezas políticas em Brasília e o recado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a recente alta dos juros não afetará a recuperação da economia brasileira. O dólar fechou com alta de 0,55%, cotado a R$ 5,670 depois de alcançar o teto de R$ 5,682 e bater mínima de R$ 5,619. O câmbio fechou na véspera com salto de 2,25%, a maior alta diária em seis meses, cotado a R$ 5,640. Apesar do cenário misto nos principais mercados internacionais, o Ibovespa, referência da B3, inverteu o sinal de queda no início da tarde e intensificou os ganhos após as declarações de Campos Neto. O pregão fechou com alta de 1,5%, aos 113.749 pontos. O índice fechou nesta quinta-feira, 24, com baixa de 1,02%, aos 112.064 pontos.

A escalada da pandemia da Covid-19 mantém pressão sobre o humor dos investidores diante da perspectiva de mais tempo para a retomada das atividades econômicas. O Brasil superou nesta quarta-feira a marca de 300 mil mortes pelo novo coronavírus ao registrar 1.999 novos óbitos nas últimas 24 horas. Desde fevereiro de 2020, 330.675 perderam a vida no país por conta da pandemia. O agravamento aumentou a pressão em Brasília. O presidente da Câmara e aliado do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Arthur Lira (PP-AL), chegou a citar “remédios fatais” contra erros cometidos no combate à pandemia. “Os remédios políticos no parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns fatais, muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros se torna uma escala geometricamente incontrolável”, disse, sem citar o destinatário do recado. Na parte da tarde, a pressão se intensificou sobre a saída de Ernesto Araújo do comando do Itamaraty. Após receber críticas de Lira na noite de ontem, nesta quinta-feira foi a vez do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) fustigar o auxiliar de Bolsonaro ao afirmar que o Brasil precisa de uma “representatividade externa melhor.”

Ainda em Brasília, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, analisou o movimento de alta de 2% para 2,75% da Selic na semana passada, o primeiro aumento na taxa de juros em quase seis anos. “Temos descrito como ajuste parcial e temos dito que o ajuste mais célere nos faz crer que na verdade fazer mais, e fazer mais rápido, faz com que a intensidade total deva ser menor”, afirmou, em resposta à analistas que já esperam por alta de 1% na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), entre os dias 4 e 5 de maio.  Em audiência para tratar do combate à pandemia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta manhã que nas próximas semanas haverá um cenário diferente com o avanço da vacinação e arrefecimento das medidas de isolamento social. “Como prometeu o ministro Marcelo Queiroga, se tivermos um ritmo de vacinação de um milhão de doses por dia, em pouco mais de um mês vacinaremos todos os idosos. E os óbitos são 85% concentrados em pessoas com mais de 60 anos. Mesmo com as novas variantes, se essa idade de risco abaixar, em 40 dias teremos um novo cenário, a mortalidade pode desabar”, afirmou.

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