Ibovespa perde fôlego e deixa escapar nova máxima após tensão nos EUA

Depois de passar a maior parte do dia acima dos 120 mil pontos, principal índice da Bolsa inverteu sinal no fim da tarde e fechou o pregão com recuo de 0,23%

  • 06/01/2021 18h30 - Atualizado em 07/01/2021 13h26
Reprodução/Pixabay Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira fecha fevereiro com queda de 4,37%. Em 2021, tombo é de 7,54% Mercados seguem agitados com a PEC da Transição e as falas de Lula contra a responsabilidade fiscal

O Ibovespa ficou próximo de bater a máxima histórica nesta quarta-feira, 6, ao operar acima dos 120 mil pontos durante a maior parte do dia. O principal índice da Bolsa de Valores brasileira passou a cair próximo das 17h30, após a invasão de apoiadores de Donald Trump a sede do Legislativo norte-americano durante a posse do presidente eleito Joe Biden.. O Ibovespa fechou o pregão com recuo de 0,23%, aos 119.100 pontos. Desde o início do ano, o índice está próximo de bater o recorde de 119.527 pontos alcançado em 23 de janeiro de 2020. Na véspera, o Ibovespa fechou com alta de 0,44%, aos 119.376 pontos. Também influenciado pelo noticiário internacional, o dólar fechou com alta de 0,84%, cotado a R$ 5,302 após oscilar durante a maior parte do dia. A divisa norte-americana chegou a bater máxima de R$ 5,359, enquanto a mínima não passou de R$ 5,233. Nesta terça, 5, o dólar fechou com alta de 0,16%, aos R$ 5,260.

Os olhos do mercado financeiro estão voltados para os desdobramentos do processo eleitoral na maior potencia globo. Ontem, eleitores da Geórgia foram às urnas para definir os dois senadores que representarão o estado em Washington e dar um ponto final à disputa de democratas e republicanos pelo controle do Legislativo norte-americano. Nesta quarta, foi confirmada a vitória do democrata Raphael Warnock, enquanto a disputa pela outra cadeira no Senado segue acirrada entre o também democrata Jon Ossoff e o republicano David Perdue, com pequena vantagem para o correlegionário de Biden. “A vitória dos democratas no estado da Geórgia e o então controle do Senado dos EUA, o que eleva a expectativa por estímulos mais agressivos por Joe Biden, impulsiona as bolsas pelo mundo e dá um novo fôlego para as blue chips, como o caso dos bancos, que são a porta de entrada dos investidores estrangeiros na bolsa brasileira”, afirma Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Os investidores também acompanham os confrontos entre manifestantes e policiais às portas do Congresso dos EUA, onde o presidente Joe Biden será oficialmente declarado presidente após vencer as eleições de novembro. A sessão foi interrompida depois que apoiadores do ainda presidente Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Legislativo americano. Diversos vídeos do confronto foram postados nas redes sociais e mostram centenas de apoiadores de Trump avançando contra proteções e barreiras de contenção montadas pelos policiais. Durante os protestos, um grupo de manifestantes conseguiu ultrapassar as barreiras e entrar no Capitólio. Jornalistas que estavam dentro do prédio foram orientados a ficarem longe das janelas e portas do edifício, que entrou em lockdown e suspendeu a sessão em que Biden seria confirmado como novo presidente dos EUA.

No noticiário doméstico, os investidores avaliaram a sucessão de declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas últimas horas. Nesta terça, o presidente afirmou para apoiadores que o Brasil “estava quebrado.” Após a repercussão, Bolsonaro ironizou a própria fala nesta quarta ao dizer que o país está “uma maravilha.” “Confusão ontem, você viu? Que eu falei que o Brasil estava quebrado. Não, o Brasil está bem, está uma maravilha. A imprensa sem vergonha, essa imprensa sem vergonha faz uma onda terrível aí. Para imprensa bom estava Lula, Dilma, gastava R$ 3 bilhões por ano para eles”, rebateu Bolsonaro. “Como podiam pensar que alguém sem dinheiro, sem recurso, sem nada, seja presidente? Com toda a imprensa contra?”, justificou o chefe do Executivo à apoiadora. O presidente desmentiu matéria sobre uma ligação do ex-presidente Michel Temer a Bolsonaro para discutir a eleição da Câmara dos Deputados. “Tem mais de 30 dias que eu não falo com Temer. Se eu me preocupasse com o que a mídia escreve, eu não sairia de casa”, afirmou.

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