Preço despenca, e petróleo é negociado abaixo de US$ 0 pela 1ª vez na história
O contrato futuro do petróleo WTI foi negociado abaixo de US$ 0 pela primeira vez na história, diante da iminência do vencimento do contrato para maio, que acontece nesta terça-feira (21). De acordo com analistas, a liquidação em massa ocorre para evitar entrega física do barril da commodity, em um contexto em que não há espaço para armazenamento.
Isso significa que fornecedores estão sendo pagos para ficar com o produto. Dessa forma, o petróleo está agora em “contango”, ou seja, os contratos de petróleo para entrega futura são mais caros do que os preços à vista.
Às 15h42 (de Brasília), o contrato WTI para maio caía 236,84%, a -US$25,00 o barril, na Nymex. Já o WTI para junho caía 16,22%, a US$ 20,91 o barril. Na mesma marcação, o Brent para junho cedia 9,08%, a US$ 25,57 o barril, na ICE.
Mas por quê?
Os mercados internacionais têm operado em meio a um descompasso entre oferta e demanda de petróleo, já que os cortes de produção anunciados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), cada vez mais, parecem insuficientes para compensar a queda na demanda, decorrência direta da retração da atividade global por causa do novo coronavírus.
A negociação no campo negativo, contudo, é restrita ao contrato de maio, e, ainda que colabore para perdas em outros contratos, não se reflete em cotações abaixo de US$ 0 nos contratos mais líquidos. Segundo o DNB Markets, alguns investidores já estão negociando o contrato de julho, o que também pressiona o contrato do WTI de junho, hoje o mais líquido.
“Há um pouco de exagero no que estamos vendo hoje”, afirmou ao Broadcast Ilan Solot, estrategista do Brown Brothers Harriman (BBH). “Mas isso não afasta a questão de que há uma oferta brutal da commodity”, diz. “Realmente é algo inédito, mas muito específico desse vencimento”, completa Marcos de Callis, estrategista da Hieron, à reportagem.
Desde o início dos negócios, operadores comentam que os estoques da commodity em Cushing, mais importante centro de armazenamento nos Estados Unidos, podem estar próximos do limite da capacidade. Na última semana, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano informou salto de 724 milhões de barris nos estoques em Cushing, a 54,965 milhões de barris, na semana encerrada em 10 de abril.
Nos EUA como um todo, o salto foi de 19,248 milhões de barris a 503,618 milhões de barris, no mesmo período. O DoE atualiza dados de estoques na próxima quarta-feira (22).
*Com informações do Estadão Conteúdo
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