Serviços crescem 1,8% em setembro, mas ainda não recuperam perdas da pandemia

Esta é a quarta alta consecutiva do setor, que é o principal responsável pelo mercado de trabalho brasileiro e o mais prejudicado pelo isolamento social

  • Por Jovem Pan
  • 12/11/2020 11h41
Saulo Angelo/Futura Press/Estadão Conteúdo FLEXIBILIZAÇÃO-QUARENTENA-ABERTURA-BARES-RESTAURANTES - GERAL A prestação de serviços foi o único setor do PIB que registrou alta no terceiro trimestre de 2021

Setor mais impacto pela pandemia do novo coronavírus, o índice de serviços cresceu 1,8% em setembro, o quarto mês consecutivo de alta, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira, 12. Apesar dos números positivos, o acumulado de 13,4% desde junho não é suficiente para recuperar as perdas de 19,8% somadas entre fevereiro e maio, o período mais agudo das medidas de isolamento social para impedir a disseminação da Covid-19. Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) também apontam que os serviços recuaram 7,2% em comparação com setembro de 2019, e que no acumulado do ano, o tombo é de 8,8%, em paralelo ao mesmo período do ano passado.

O setor de serviços é o com mais peso no resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que é complementado pelo agronegócio e indústria, e o responsável pelo maior número de empregos no Brasil. As áreas relacionadas ao segmento, como bares, restaurantes, rede hoteleira e transportes, foram algumas das mais afetadas pelas medidas de distanciamento social impostas para reduzir o contágio do novo coronavírus. Na passagem de agosto para setembro, quatro das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE cresceram. Apenas serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram resultado negativo, com recuo de 0,6%, eliminando pequena parte do ganho de 5,8% no período de junho a agosto. Já o setor de outros serviços, que alcançou 4,8% na comparação com o mês anterior, e 6,1% no acumulado do ano, foi o único a superar o nível pré-pandemia.

“Outros serviços alcançaram o maior patamar desde outubro de 2014, refletindo a alta nos serviços financeiros e auxiliares. As empresas nesse segmento vêm obtendo incrementos de receita desde o segundo semestre de 2018 em função da redução consistente da taxa Selic, que reduziu os ganhos com a poupança e levou os agentes econômicos a buscarem alternativas mais atraentes de investimentos, sejam de renda fixa ou variável. Nesse sentido, empresas que atuam como intermediárias desse processo de captação recursos, tais como as corretoras de títulos e as administradoras de bolsas de valores, têm obtido ganhos expressivos de receita por conta da maior procura por ativos de maior rentabilidade”, comenta o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

A recuperação da economia nos últimos meses faz analistas preverem o avanço de 9% do PIB no terceiro trimestre, ante as quedas históricas nos seis primeiros meses do ano, que deixaram o país oficialmente em recessão. Nesta quarta-feira, 11, o IBGE informou o avanço de 0,6% no setor de varejo, o quinto aumento seguido, apesar de menos intenso do registrado nos meses anteriores. De acordo com a análise da Pesquisa Mensal do Comércio (PMS), a desaceleração faz parte da acomodação dos números ante as quedas expressivas em março em abril, fazendo com que a recuperação dos meses seguintes também fossem vertiginosas. Já a produção industrial cresceu 2,6% em setembro, também registrando sua quinta alta consecutiva e eliminando as perdas de 27,1% acumuladas em março e abril por causa da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

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