Enem faz escolas reforçarem Química, Matemática e Física

  • Por Estadão Conteúdo
  • 10/10/2016 09h14
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Agência Brasil As provas do Enem serão aplicadas nos dias 5 e 6 de novembro. A taxa de inscrição será de R$ 68

Estudantes que realizarão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 5 e 6 de novembro devem dar atenção especial a três disciplinas: Química, Física e Matemática. As três áreas são as que têm menos acertos, segundo levantamento realizado pela plataforma AppProva.

O estudo, feito com base nos microdados do Enem 2014 (os de 2015 ainda não foram divulgados), mostra que a taxa de acertos é de 27% em Química, 25% em Física e 25% em Matemática. Sociologia (47%) e Língua Portuguesa (42%), por outro lado, são as que os estudantes costumam ter desempenho melhor.

O levantamento apontou também conteúdos em que os alunos tiveram mais dificuldade: na área de Ciências da Natureza, só 19,7% acertaram questões relacionadas à Dinâmica, em Física. Temas de Química como Equilíbrio Químico e Estequiometria tiveram só 21,1% e 21,6% de acertos, respectivamente. Já em Matemática, as maiores dificuldades foram em escalas (18,7%), função do segundo grau (19,4%) e sistema de equações (20,7%).

De olho nessas dificuldades, escolas particulares da capital paulista estão oferecendo estratégias diversas para atrair o interesse de seus alunos por essas disciplinas e reforçar o aprendizado nos três anos do ensino médio. As opções vão de aula de Matemática com pôquer, robótica, estudos aprofundados das disciplinas em oficinas e uso de softwares.

Na Escola Móbile, em Moema, zona sul de São Paulo, os estudantes podem escolher, em todos os anos do ensino médio, disciplinas eletivas para cursar para além do currículo tradicional. No 3.º ano, por exemplo, os alunos podem optar pela aula de Física eletiva, onde participam da construção de um brinquedo eletrônico. “Eles precisam construir um brinquedo que possa ser usado e depois apresentam a crianças de 5 e 6 anos da educação infantil. Para isso, são usados muitos conhecimentos de Física e Matemática”, explica a vice-diretora do ensino médio da Móbile, Vivian Mantovani.

Também há uma eletiva de “engenhocas”, em que os alunos são desafiados por problemas reais e precisam resolvê-los com projetos, como protótipos de uma ponte ou um filtro d’água. Outra opção é a robótica. “Os alunos estudam a programação de robôs e precisam cumprir desafios, como fazer com que esse robô coloque uma bolinha vermelha em um buraco”, explica Vivian. O colégio também oferece oficinas de assuntos específicos das matérias, plantões de dúvidas e estudos avançados, momento em que até conteúdos não cobrados em vestibulares tradicionais é oferecido.

A estratégia, além de atrair estudantes sem familiaridade com a teoria, mais árida, também impulsiona o estudo. A estudante Júlia Abud, de 17 anos, começou o ensino médio com dificuldades tanto em Física quanto em Matemática. “Frequentei os plantões e as oficinas e vi que não precisava ter vergonha das dúvidas. No ano passado, comecei tirando notas 4 e 5 em física. Fechei o ano com 9.” Hoje, no 3º ano, ela faz as eletivas de Química, Física e Biologia, pois quer Medicina.

O estudante Henrique Reale, de 17 anos conta que, nas eletivas, aprendeu conceitos de Matemática que não aparecem nas aulas regulares, o que pode ajudar no vestibular. “Eles ensinam conceitos que só se aprende no ensino superior, mas que podem facilitar a resolução de exercícios que outros teriam mais dificuldade.”

Apostas

No Colégio Internacional Vocacional Radial, no Jabaquara, zona sul de São Paulo, o professor de Matemática criou um projeto para ensinar probabilidade, conteúdo considerado problemático entre os alunos, por meio do pôquer. “Adaptamos o jogo, trabalhando em duplas, para ficar um pouco mais dinâmico. A ideia é que o aluno calcule a possibilidade de ganhar com as cartas que tem na mão”, explica o professor Gerson Nardi. “Queríamos fugir do convencional e deu certo: eles assimilaram melhor o conteúdo.”

O projeto dura cerca de dois meses e é aplicado a alunos do 2.º ano do ensino médio, já que no 3.º há mais enfoque na revisão dos conteúdos e no vestibular. “Dura de cinco a seis semanas, porque muitos alunos não sabem jogar. Ensinamos as regras e passamos os conceitos do jogo, do mais simples para o mais complexo, o que leva algum tempo”, disse o professor.

A aluna Giovanna Sanches Silva, de 17 anos, hoje no 3.º ano, aprovou a proposta. “Foi totalmente diferente. Eu só sabia jogar paciência e buraco, o que meu tirou da zona do conforto. É interessante porque você vê uma aplicação prática, coloca a matéria em algo real”, disse.

Os estudantes do 2.º ano também estão montando um protótipo de estação meteorológica, em um projeto que mistura Química, Geografia e Matemática. “Eles vão aprender como funcionam pluviômetro, barômetro, termômetro e um hidrômetro, por exemplo, e vão construir protótipos em uma caixa para fazerem as medições”, explicou o professor de Geografia Eduardo Leitão.

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