Governador do MA pede que PF também atue na investigação de ataque a indígenas

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 02/05/2017 10h25
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Cimi (Conselho Indigenista Missionário) Índios gamela no Maranhão - Cimi (Conselho Indigenista Missionário)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que pediu ao Ministério da Justiça que a Polícia Federal também atue na investigação do ataque a indígenas em conflito de terras, que deixou 13 feridos, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Uma vez que se trata de disputa derivada de terras que seriam indígenas, que precisam de demarcação ou não, como é uma competência federal, a Polícia Federal também deve atuar”, disse o governador nesta terça-feira (2), em entrevista à Rádio Eldorado. “Esperamos que a ação conjunta resulte numa solução”.

O crime aconteceu no último domingo, 30 de abril, na cidade de Viana, a 214 quilômetros de São Luís. O Cimi disse, em nota, que dezenas de índios da etnia gamela deixavam uma área reivindicada no povoado de Bahias, interior de Viana, quando foram surpreendidos por homens armados. O grupo de pistoleiros seria ligado a fazendeiros. 

O secretário de segurança, o comandante da polícia e o delegado geral do Maranhão estão a caminho de Viana para acompanhar os primeiros depoimentos, informou o governador. “O que nos cabe é fazer inquérito policial, entregar ao Ministério Público e todas as pessoas que praticaram violência serão identificadas”, afirmou Dino.

A princípio, o governo disse que seriam apenas sete vítimas, diferente do que informou a Cimi. Segundo o governador, esse é o número de feridos que deram entrada no hospital. 

“Foram hospitalizadas sete pessoas. Claro que o conjunto de situações ainda vai ser esclarecido no inquérito”, disse Dino. Ainda de acordo com o governador, quatro vítimas já tiveram alta e três permanecem internadas. Duas das vítimas passaram por cirurgias nesta segunda-feira (1º).

Líderes indígenas cobram do governo do Estado e da Fundação Nacional do Índio (Funai) proteção para as famílias gamelas. Durante a entrevista, Dino disse ainda que o conflito já dura pouco mais de um ano e que, em agosto de 2016, o governo do Estado pediu que a Funai fizesse o estudo da área para saber da necessidade de demarcação do território.

“Infelizmente, em outubro de 2016, a Funai nos informou que não poderia fazer o estudo porque não havia verbas no governo federal para essa finalidade”, disse o governador. “Infelizmente, houve inclusive a presença de políticos na região que insuflaram atos de violência e resultou nessa tragédia.”

Flávio Dino disse que, diante da falta de verba, o governo estadual se dispõe a pagar pelo estudo. “Se a Funai disser que não tem mesmo dinheiro, nem o governo federal, eu me disponho até a pagar”, afirmou o governador, que disse ser “uma situação difícil”, que “envolve uma centena de pessoas, pequenos proprietários, posseiros, indígenas”. “Se for esse o problema, nós queremos é que esclareça. Não pode o governo do Estado ficar administrando uma situação que envolve uma competência que não é nossa”, finalizou.

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