Governo estende vacina de HPV e aposta em parceria com Ministério da Educação

  • Por Estadão Conteúdo
  • 21/06/2017 09h03 - Atualizado em 29/06/2017 00h54
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Brasília - Alunas do Centro de Ensino Fundamental 25, em Ceilândia, são vacinadas contra o papiloma vírus humano - HPV (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil ABR Vacinação contra HPV

Meninos de 11 a 15 anos incompletos, transplantados, pacientes em tratamento com quimioterapia e radioterapia podem se vacinar contra HPV no Sistema Único de Saúde. A ampliação da oferta da vacina, divulgada nesta terça-feira (20), faz parte de uma estratégia que já havia sido anunciada no início do ano de, gradativamente, expandir o público que recebe o imunizante. Até o mês passado, a vacina estava disponível apenas para meninos entre 12 e 13 anos, além de meninas de 9 a 14 anos e pessoas com HIV entre 9 e 26 anos.

A expansão ocorre num momento em que o Ministério da Saúde ainda se depara com uma baixa adesão à campanha e resistência à vacina Para se ter uma ideia, este ano foram vacinados 16,5% dos meninos entre 12 e 13 anos. A taxa de cobertura entre meninas entre 2014 e maio deste ano é de 45,1%, bem abaixo da meta, que é imunizar 80% do público-alvo.

“Temos um grande caminho a percorrer para que possamos mudar esse quadro”, afirma a coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Carla Domingues. Ela observa que o problema é enfrentado em todo o País. “Não é um problema pontual. Não é dificuldade de acesso. Todos têm de estar engajados nessa luta”, completou.

A grande aposta do governo é a parceria com o Ministério da Educação, que permite a vacinação nas escolas. Embora tenha sido anunciada antes da divulgação da campanha do HPV, a estratégia por enquanto não vingou. O Ministério da Saúde disse não ter números sobre quantos municípios e Estados atenderam ao chamado. “Tivemos experiências bem sucedidas, como no Estado de Santa Catarina e na cidade de Niterói. O ideal é que isso seja repetido em outros locais.”

Carla diz não haver um motivo único para que a adesão de escolas à iniciativa ainda não esteja em níveis considerados ideais. Ela observa, porém, que campanhas nas escolas exigem uma preparação especial.

Ao mesmo tempo em que a adesão é baixa, os estoques de vacina continuam altos e parte dela pode vencer em pouco tempo. Pelos cálculos do ministério, centrais estaduais têm cerca de 465 mil doses para vencer até setembro. “Consideramos aceitável uma perda de até 5%. Em nenhum Estado essa marca será atingida, será bem menos. Mas queremos que esse número se reduza ainda mais.” Contados os lotes que vencem no primeiro semestre de 2018, o número salta para 1,64 milhão de doses. Atualmente, no estoque nacional existem 5,6 milhões de doses do imunizante.

Além da vacinação nas escolas, que deverá ser retomada no próximo semestre, o governo planeja fazer uma campanha para incentivar a vacinação.

O HPV é transmitido pelo contato direto com a pele ou mucosas infectadas ou por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para o filho no momento do parto. Até o ano passado, a vacina estava disponível apenas para meninas entre 9 e 13 anos. A partir deste ano, a indicação foi ampliada para garotas de até 14 anos.

A vacina ofertada no SUS para os garotos é quadrivalente, a mesma que, desde 2014, é oferecida para as meninas. O imunizante protege contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18) e possui 98% de eficácia.

Entre meninos, a vacina tem como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão diretamente relacionadas ao HPV. De acordo com a pasta, os cânceres de garganta e de boca são o 6º tipo de câncer no mundo, com 400 mil casos ao ano e 230 mil mortes. Mais de 90% dos casos de câncer anal têm origem na infecção pelo HPV.

Entre o grupo feminino, a imunização tem como objetivo proteger contra o câncer de colo do útero, vulva, vaginal e anal, além de lesões pré-cancerosas, verrugas genitais e outras infecções causadas pelo vírus.

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