Guedes e Maia se encontram para tentar selar a paz e destravar reforma tributária

Jantar organizado por políticos e autoridades busca por fim ao clima de desavença após ministro da Economia e presidente da Câmara trocarem farpas em público na semana passada

  • Por Gabriel Bosa
  • 05/10/2020 13h28 - Atualizado em 16/11/2020 12h31
Lucio Tavora/Estadão Conteúdo Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, iniciou série de atritos públicos ao criticar Paulo Guedes na condução da reforma tributária

Depois de mais uma semana com troca de farpas em público, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se encontrarão nesta segunda-feira, 5, para tentar dar fim ao clima de desavença e destravar pontos de atrito na reforma tributária e Renda Cidadã. O jantar foi organizado por políticos e autoridades com bom trânsito entre os dois após a escalada de tensões nos últimos dias. O encontro será na casa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e deve contar com a participação dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Kátia Abreu (PP-TO), entre outras lideranças políticas de Brasília. “Será uma conversa para selar a paz e discutir a agenda econômica. Os dois acharam uma boa ideia e confirmaram que irão participar, agora vamos nos voltar para que seja um reunião produtiva. Essa briga não faz bem ao Brasil, e precisamos de uma agenda mínima para discutir a reforma tributária e o Renda Cidadã”, afirmou o Calheiros à Jovem Pan.

O presidente da Câmara voltou a entrar em rota de colisão com Guedes na terça-feira passada, 29, ao criticar o ministro da Economia pela condução da segunda etapa da reforma tributária, que deveria ter sido entregue pelo governo federal, mas que pode ficar apenas para o próximo ano. “Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?”, questionou Maia em uma publicação no Twitter. O revide veio no dia seguinte, quando Guedes insinuou que o deputado havia se aliado aos partidos de oposição para travar a agenda de privatizações. “Há boatos de que haveria um acordo do presidente da Câmara com a esquerda para não pautar as privatizações. Nós precisamos retomar as privatizações, temos que seguir com as reformas”, disse Guedes durante a apresentação dos dados do Caged, na quarta, 30. Horas depois, Maia devolveu afirmando que o ministro estava “desequilibrado”, e sugeriu que ele assistisse o filme “A queda”, que retrata os últimos momentos de Adolf Hitler à frente da Alemanha e a derrota dos nazistas após o cerco das tropas soviéticas.

Maia não foi o único alvo de ataques do “posto Ipiranga” na semana passada. Na sexta, 9, ele classificou o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, de “desleal”, caso fosse confirmado que o colega de governo o havia criticado pela condução do Renda Cidadã, e que o projeto que substituirá o Bolsa Família “sai por bem ou por mal”. “Eu não acredito que ele tenha mal de mim. Se ele tá falando mal, tem três coisas. É despreparado, é desleal e é um fura-teto. Está confirmando que é fura-teto. Então espero que não tenha falado nada de mal”, afirmou Guedes. No sábado, o ministro almoçou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já nesta segunda, foi a vez de Marinho se reunir com o presidente durante um café da manhã, que também contou com a participação de Maia, do ministro da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos, e do senador Márcio Bittar (MDB-AC).

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