Israelenses e palestinos evitam assumir responsabilidade em possível fracasso

  • Por Agencia EFE
  • 06/04/2014 19h05
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Javier Martín.

Jerusalém, 6 abr (EFE).- Após uma semana de infrutíferos esforços para salvar a negociação, israelenses e palestinos parecem enredados neste domingo em uma nova estratégia cujo objetivo é evitar que a responsabilidade do fracasso que a maioria percebe caia sobre os próprios ombros.

A narrativa de ambas as partes é idêntica desde quinta-feira passada, um ar pessimista comum e uma mensagem compartilhada: tanto palestinos como israelenses repetem que não desejam que o processo realizado no verão passado pelo secretário de Estado americano, John Kerry, se dilua e engrosse a ampla lista de fiascos no Oriente Médio.

O jornal “Yedioth Ahronoth”, o de maior tiragem em Israel que assegura, reforçou esse discurso citando fontes israelenses próximas aos agentes do diálogo, que seu colapso definitivo é “questão de dias”.

“Israel está gravemente preocupada com o fato de que o processo fora derrubar-se em futuro muito próximo, afirmam, responsáveis israelenses, embora sublinham que os esforços para conseguir algum tipo de acordo continuam”, ressalta.

“O pacote oferecido na semana passada (aos palestinos) já está fora da mesa e Israel se prepara para retornar aos acordos de rotina que tinha com os palestinos antes que as negociações arrancassem faz nove meses”, acrescenta o funcionário, citado pela publicação.

Com esse argumento, o responsável, que o rotativo não identifica, insistia em que “a coordenação de segurança no terreno se mantém, mas o processo de negociação não já é relevante”.

Fontes militares israelenses na Palestina ocupada revelaram à Efe na semana passada que, desde o fim de março, o exército intensificou seu dispositivo diante da possibilidade de qualquer tipo de contingência, incluindo uma explosão da violência.

Segundo essas fontes, a rapidez de manobra aumentou desde que o governo israelense decidiu descumprir o compromisso adquirido no início do diálogo e evitou libertar a última leva de presos palestinos, que deviam ter recobrado sua liberdade no final de março.

A decisão levou os palestinos a considerar obsoleto o acordo de não comparecer às instituições mundiais durante o tempo em que durou a negociação e a que esta semana rubricassem a carta de adesão a 15 tratados e organismos internacionais.

As duas medidas pressionaram Kerry a dar na terça-feira um passo atrás em sua iniciativa, que agora parece estar por um fio ou talvez de um milagre de última hora.

O chefe da diplomacia americana tentou, inclusive, incluir oferecer a libertação de Jonathan Pollard, um judeu americano com nacionalidade israelense que cumpre pena nos Estados Unidos por espionar a favor de Israel, para tentar convencer o governo Netanyahu.

No entanto, a insistência palestina em que a libertação dos presos prometida por Israel há nove meses anteceda a qualquer diálogo para estender o diálogo além da data limite, 29 de abril, e a pertinaz negativa israelense a cumprir, bloqueia desde então qualquer avanço.

“Devemos esperar mais alguns dias. A direção não é boa, mas não posso dizer que haja um completo colapso das negociações. Muitos esforços continuam sendo feitos para salvar a situação”, explicou a fonte do Yedioth Ahronoth, que admitiu, no entanto, que nem Kerry “é o mesmo Kerry de antes”.

Mais contundente na avaliação do cenário foi o próprio Netanyahu hoje, tachando a medida palestina de “violação substancial os entendimentos que alcançamos com o envolvimento americano”, antes de ameaçar a outra parte.

“As ameaças palestinas de comparecer à ONU não nos afetarão. Os palestinos têm muito a perder com essa ação unilateral. Serão contestadas com medidas unilaterais de nossa parte. Estamos preparados para continuar as negociações mas não a qualquer preço”, afirmou.

Na mesma linha, Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, acusou neste domingo Israel de “adotar passos unilaterais que ameaçam o processo de paz”.

Abu Rudeina precisou que não apenas a decisão israelense de não libertar os presos levou a este beco, como também sua contínua ampliação das colônias, apesar de ter se comprometido a parar sua construção. EFE

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