Calor noturno é mais prejudicial para a saúde do que as temperaturas diurnas; entenda
Especialista da Organização Meteorológica Mundial explica que esse risco é causado porque o corpo ‘é incapaz de se recuperar’; John Nairn alerta para a necessidade de se preparar para calor cada vez mais intensos
Mesmo sem sol, temperaturas noturnas elevadas são mais perigosas para a saúde do que as noturnas, alertou nesta terça-feira, 18,um especialista da Organização Meteorológica Mundial (OMM). “As temperaturas noturnas são particularmente perigosas para a saúde humana porque o corpo é incapaz de se recuperar do calor permanente, levando a um aumento de ataques cardíacos e mortes”, disse o especialista em calor extremo da organização, John Nairn. Atualmente, o hemisfério norte sofre seis vezes mais ondas de calor do que na década de 1980 e em locais onde supera os 45 graus as temperaturas podem permanecer por volta dos 40 graus à noite. Segundo os pesquisadores, o calor é um dos eventos meteorológicos mais mortais e estima-se que no verão passado causaram mais de 60 mil mortes somente na Europa. “E acredita-se que este número seja conservador”, frisou Nairn, que refletiu sobre o fato de que isso está acontecendo na região com um dos mais avançados sistemas de alerta climático precoce, “com o que podemos imaginar quais seriam os números no resto do mundo”. Os cientistas estão certos de que o fenômeno El Niño amplificará a frequência e a intensidade dos episódios de calor extremo.
O especialista da OMM indicou que a temperatura global é agora mais alta do que a registrada durante o fenômeno El Niño na década de 80. “Sinto muito, mas as temperaturas continuarão subindo”, previu. Sobre o impacto do El Niño na Europa, Nairn explicou que costuma ser sentido de forma mais evidente em toda a bacia do Mediterrâneo e que entre as mudanças que se podem esperar está que as ondas de calor cheguem cada vez mais cedo, ou seja, durante a primavera no hemisfério norte. Sete países do sul da Europa emitiram alertas de calor extremo para os próximos dias e as temperaturas devem permanecer altas em agosto. Segundo dados da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), no ano passado o excesso de mortalidade provocado na Europa pelas sucessivas ondas de calor registrou-se sobretudo em Espanha, Itália, Grécia e Portugal. “A maioria das mortes relacionadas com esta situação não ocorre devido a ataques cardíacos, mas devido ao impacto em pessoas com doenças pré-existentes. O calor extremo pode agravar problemas cardiovasculares e respiratórios”, declarou na mesma coletiva de imprensa o responsável por emergências de saúde da organização humanitária, Panu Saaristoanu Saaristo.
*Com informações da EFE
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