Com vacina aprovada, 4 em cada 10 norte-americanos não querem se vacinar

Plano de imunização começa nesta segunda-feira, 14, prometendo imunizar 20 milhões de pessoas até 31 de dezembro

  • Por Jovem Pan
  • 13/12/2020 16h32
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Cadu Rolim/Estadão Conteúdo vacina na frente de uma bandeira dos estados unidos Os EUA têm se empenhado no desenvolvimento da vacina contra o novo coronavírus

Neste final de semana os EUA aprovaram o uso emergencial da vacina da Pfizer-BioNTech e o plano de imunização começa nesta segunda-feira, 14, prometendo imunizar 20 milhões de pessoas até 31 de dezembro. Cerca de 2,9 milhões de doses serão distribuídas nesta semana, parte deverá estar disponível para os Estados ainda hoje. Porém, quatro em cada dez americanos ainda dizem que não pretendem se vacinar contra a Covid-19, segundo pesquisa do instituto Pew Research feita em novembro. Deste grupo, dois admitem tomar sua dose depois que outros o façam. A aceitação tem aumentado, já que em outubro metade dizia que não seria vacinada.

Com 328 milhões de habitantes, os EUA assinaram em maio um contrato para garantir 300 milhões de doses desenvolvidas pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford – cujas pesquisas sofreram atraso. Em julho, o país assegurou uma compra de US$ 2 bilhões para obter 100 milhões de doses da vacina da Pfizer-BioNTech – que exige a aplicação dupla para atingir a imunização de 95%. Em agosto, foi feita pelos americanos mais uma compra de 100 milhões de doses da Moderna, suplementada na sexta-feira por mais um compromisso de igual volume para 2021.

Com isso, os EUA garantiram acesso a 600 milhões de doses. Só as vacinas da Moderna e da Pfizer estão próximas do uso. Além da Pfizer, que teve o imunizante aprovado, a Moderna foi a única farmacêutica que formalizou pedido de registro junto à FDA. A reunião do comitê consultivo da agência americana para avaliar a vacina da Moderna acontecerá no dia 17. Dias após o começo da vacinação no Reino Unido, os americanos terão um desafio de distribuição maior. “Existem bons planos de logística, mas eles não foram testados na prática”, disse Joshua Petrie, professor do Departamento de Epidemiologia da Universidade de Saúde Pública de Michigan. “Tem sido um desafio fazer com que a população use máscaras em público. Então, também haverá desafios em termos de receptividade da vacina em algumas comunidades.”

Ontem, o chefe da Operação Warp Speed, Gustave F. Perna, afirmou que as doses, que estão concentradas no laboratório da Pfizer em Michigan, começariam a ser transportadas hoje. Ao menos 135 locais de vacinação estarão com a vacina em mãos hoje, segundo ele. As doses do imunizante chegarão a outros 425 locais na terça-feira e a mais 66 na quarta-feira. Antes de a vacina ser aprovada, a distribuição de seringas já foi feita, segundo o governo. Para conquistar a confiança da população, o epidemiologista Anthony Fauci, que se tornou a cara do combate à pandemia nos EUA, deve ser vacinado em público. Os ex-presidentes George W. Bush, Bill Clinton e Barack Obama se ofereceram para fazer o mesmo.

Os primeiros a receber a vacina serão profissionais de saúde e moradores e trabalhadores de casas de repouso e clínicas médicas Há cerca de 24 milhões de pessoas que se encaixam nestas categorias no país. A chancela da FDA ao imunizante da Pfizer pode estimular outros países a seguirem o mesmo caminho, já que a análise da agência foi feita de forma independente e não apenas com base nas informações das farmacêuticas, como feito no Reino Unido, o que é visto por especialistas como um critério de credibilidade.

Para especialistas como o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado o passo nos EUA pode ter impacto no Brasil, onde o uso da vacina da Pfizer tem sido negociado pelo governo federal. Segundo Dourado, legislação aprovada pelo Congresso em maio concede autorização excepcional para distribuição de medicamentos que sejam essenciais no combate à pandemia e registrados em ao menos uma de quatro autoridades estrangeiras, sendo a FDA uma delas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma, entretanto, que o pedido de autorização emergencial cabe às empresas e nenhum foi protocolado.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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