Embaixadores se reúnem no Natal para iniciar ratificação ao acordo do Brexit

Texto define regras para o comércio entre a ilha britânica e o bloco europeu; autoridades devem se encontrar novamente na segunda-feira

  • Por Jovem Pan
  • 25/12/2020 20h18 - Atualizado em 25/12/2020 20h19
EFE Brexit, parlamento Após anos de indefinições, acordo comercial foi assinado por ambas as partes nesta semana

A rápida ratificação do acordo comercial pós-Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) iniciou nesta sexta-feira, 25, dia de Natal, com embaixadores dos 27 países do bloco começando a avaliar o acordo que entra em vigor em uma semana. Em reunião excepcional, os representantes foram informados sobre os detalhes do projeto, com cerca de 1.250 páginas, pelo negociador-chefe do Brexit da UE, Michel Barnier. Os embaixadores devem se reunir novamente na segunda-feira, 28, e informaram aos legisladores do Parlamento Europeu que pretendem tomar uma decisão sobre a aplicação preliminar do acordo dentro de alguns dias.

Líderes da UE se mostraram aliviados pelo acordo firmado na quinta-feira, 24, sobre futuros laços comerciais entre as nações. Todos os Estados-membros devem apoiar o acordo – o Parlamento Europeu dará seu aval na primeira reunião de 2021, pois não pode mais se reunir neste ano. Os legisladores britânicos também foram convocados a ratificar o acordo em sessão que ocorrerá na semana que vem, com data a ser definida. Ambos os lados afirmam que o acordo dá garantia aos países e alcançou os objetivos.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que o documento dá ao Reino Unido o controle sobre seu dinheiro, fronteiras, leis e áreas de pesca. A UE afirma que o acordo protege seu mercado único de cerca de 450 milhões de pessoas e contém salvaguardas para garantir que o Reino Unido não prejudique os padrões do bloco. Johnson saudou o acordo como um “novo começo” para o Reino Unido em seu relacionamento com os vizinhos europeus. No entanto, líderes da oposição, mesmo aqueles dispostos a apoiá-lo, pois consideram que esse acordo é melhor do que a falta de um, criticaram o documento. Eles disseram que o acordo acrescenta custos desnecessários às empresas e não fornece uma estrutura clara para o setor de serviços, que é crucial e responde por 80% da economia britânica.

Em uma mensagem de Natal, Johnson procurou vender o acordo como um final feliz a um público cansado após anos de disputas. Os britânicos aprovaram o Brexit em 2016 pelo voto popular e o Reino Unido deixou o bloco formalmente em 31 de janeiro, só que permaneceu vinculado às regras da UE durante este ano em um período de transição. Sem um acordo comercial, tarifas teriam sido impostas ao comércio entre a UE e o Reino Unido a partir de 1.º de janeiro. Ambos os lados sofreriam nesse cenário. Mas, no curto prazo, a economia britânica sofreria um impacto maior, pois é mais dependente do comércio com a UE.

Embora tarifas e cotas tenham sido evitadas, haverá mais burocracia entre as nações. As empresas terão de apresentar formulários e declarações alfandegárias pela primeira vez em anos. Haverá também regras diferentes sobre a rotulagem de mercadorias, bem como o controle dos produtos agrícolas. Apesar desses custos adicionais, muitas empresas britânicas que exportam para toda a UE expressaram alívio. “Embora o negócio não seja totalmente abrangente, pelo menos fornece uma base para construir no futuro”, disse Laura Cohen, executiva da Confederação Britânica de Cerâmica.

No entanto, um setor que parece estar desapontado é a indústria pesqueira, com ambos os lados expressando seu descontentamento com os novos acordos. As discussões sobre os direitos de pesca nas águas britânicas provocaram o atraso para se chegar a um acordo. Segundo os termos do pacto, a UE abrirá mão de um quarto da cota que pesca nas águas do Reino Unido, muito menos do que os 80% exigidos inicialmente por Londres. O sistema será implementado ao longo de 5 anos e meio. “No final, ficou claro que Boris Johnson queria um acordo comercial geral e estava disposto a sacrificar a pesca”, disse Barrie Deas, presidente executivo da Federação Nacional de Organizações de Pescadores.

*Com Estadão Conteúdo e agências internacionais 

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