Especialista analisa possível tentativa de tomada territorial na Ucrânia: ‘Guerra civil’

Em entrevista ao Morning Show, professor de relações exteriores falou sobre a possibilidade de novos conflitos mundiais após ataques de Putin 

  • Por Jovem Pan
  • 25/02/2022 15h00
DANIEL LEAL / AFP Ataque Ucrânia Governo de Kiev não possui mais recursos contra as ofensivas

Nesta sexta-feira, 25, o programa Morning Show, da Jovem Pan, recebeu o professor Marcus Vinicius de Freitas. Especialista em relações exteriores, ele analisou os cenários para o futuro dos ataques russos e uma possível tentativa de tomada territorial da Ucrânia. “Vai ter uma resistência de todo o país e até da ONU internacionalmente, pois isso é contrário do que se definiu em 1945. Quando é assinada a carta de São Francisco, da ONU, estabelece um princípio importante. Você só pode fazer guerra por legítima defesa ou quando autorizado pelo Conselho de Segurança da ONU, você não pode fazer guerra para expansão territorial”, explicou. Segundo Freitas, há ainda a possibilidade de um domínio político russo capaz de gerar conflitos civis entre ucranianos. “A segunda questão é colocar um governo títere (marionete) ou um governo que seja sempre favorável à Rússia. A longo prazo, o problema disso é que você pode começar a ter manifestações contrárias e até mesmo guerra civil.”

Segundo Freitas, o conflito entre Putin e Zelensky inicia-se de maneira assimétrica, uma vez que o exército ucraniano é menor que o russo. “Putin ganhou, não há dúvida sobre isso. Pela rapidez com que os russos conseguiram tomar o território em todas as posições e também considerando que era uma guerra assimétrica desde o início”, disse. “A Ucrânia sabia que, por mais que ela tentasse, o único apoio que a Otan poderia dar era o fornecimento de armas. Mas com isso você não consegue opor o exército russo, que nem entrou com sua capacidade total. A simetria desta guerra é característica, a gente viu a mesma situação em 2014.”

Especialista em estudos da China, Freitas ainda refletiu sobre a possibilidade do governo de Xi Jinping utilizar-se do momento para intervir em Taiwan. “São dois aspectos diferentes, você tem uma grande população russa dentro da Ucrânia. Em Taiwan existe uma divisão histórica que aconteceu em 1949 por causa da briga que aconteceu entre os comunistas e o partido de direita. É uma situação diferente”, disse. “O objetivo do governo chinês é chegar em 2049, quando completa 100 anos da república popular da China, com uma renda per capta de US$ 20 ou US$ 25 mil. Se houver uma tomada de decisão de invadir Taiwan, o quanto isso afetaria esta jornada que é o princípio fundamental da legitimidade do próprio partido comunista chinês? Considerando o tempo chinês, acredito que possa ir um pouco mais devagar”, afirmou.

Confira na íntegra a entrevista com Marcus Vinicius de Freitas:

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