Homens queimam Alcorão em protesto autorizado em frente ao Parlamento sueco

Ato foi semelhante aos que desencadearam tensões entre a nação escandinava e países do Oriente Médio nas últimas semanas

  • Por Jovem Pan
  • 31/07/2023 17h52
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Tauseef MUSTAFA / AFP estocolmo Muçulmanos xiitas protestam contra a queima do Alcorão em frente a uma mesquita de Estocolmo que indignou muçulmanos em todo o mundo, durante uma procissão religiosa no décimo dia de Ashura no mês islâmico de Muharram, em Srinaga

Dois homens queimaram um exemplar do Alcorão nesta segunda-feira, 31, em frente o Parlamento de Estocolmo, Suécia, durante uma manifestação autorizada pela polícia sueca, em um protesto semelhante aos que desencadearam tensões entre a nação escandinava e países do Oriente Médio nas últimas semanas. Salwan Momika e Salwan Najem pisotearam uma cópia do livro sagrado muçulmano antes de atear fogo ao exemplar, como já haviam feito no final de junho em frente à principal mesquita de Estocolmo. Naquela ocasião, o ato gerou uma onda de indignação no Oriente Médio, com protestos no Iraque e indignação na comunidade muçulmana. Os homens já haviam realizado outro ato semelhante em frente à embaixada do Iraque em Estocolmo, em 20 de julho. O protesto desta segunda-feira foi autorizado pela polícia sueca, mas a força de segurança afirmou que as permissões concedidas se referem apenas à organização das manifestações, e não ao que acontece nelas.

Os manifestantes disseram à imprensa que querem que o livro sagrado muçulmano seja proibido na Suécia. E, no pedido de autorização para o protesto, os organizadores declararam a intenção de queimar um exemplar do Alcorão. “Vou queimá-lo muitas vezes, até que o proíbam”, disse Najem, um refugiado iraquiano de 37 anos, ao jornal Expressen. Mats Eriksson, porta-voz da polícia de Estocolmo contou que os atos contra o Alcorão ocorreram “sem graves perturbações à ordem pública”. Durante o protesto, Momika também pisou na imagem do influente clérigo xiita Moqtada Sadr, cujos seguidores invadiram brevemente a embaixada sueca em Bagdá em junho, antes de incendiá-la no mês seguinte. “Nós o vimos parado lá de novo e gritando coisas sobre o Alcorão e sobre o Islã, brincando com o Alcorão e, honestamente, é tudo para chamar a atenção e é bastante óbvio”, disse Tamazight El Yaakoubi, uma estudante holandesa de 18 anos. O ato acontece em um momento de deterioração das relações da Suécia com vários países do Oriente Médio, após vários episódios em que o Alcorão foi profanado.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, condenou o ato e alertou em meados de julho que não deveria haver novas ofensas ao Alcorão. Somada a esta tensão, o voto da Turquia é essencial para a adesão da Suécia à Otan. Na semana passada, o país europeu ordenou que 15 agências governamentais reforcem as equipes antiterroristas. No domingo, 30, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, disse que um processo similar já está em andamento no país. “Aqui em casa sabemos que os Estados, atores governamentais e indivíduos podem se aproveitar da situação”, afirmou em uma publicação no Instagram. Arábia Saudita e Iraque convocaram uma reunião extraordinária, marcada para esta segunda-feira, da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) para tratar do desrespeito ao Alcorão na Suécia e na Dinamarca.

*Com informações da AFP

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