Irã admite que derrubou avião ucraniano com mísseis por engano

  • Por Jovem Pan
  • 11/01/2020 10h27 - Atualizado em 11/01/2020 10h28
EFE Hassam Rouhani O presidente do Irã, Hassan Rouhani

O avião ucraniano que caiu na quarta-feira (8) perto de Teerã foi derrubado por mísseis lançados por militares iranianos por engano. A informação foi confirmada neste sábado (11) pelo presidente do Irã, Hassan Rouhani.

O líder supremo do país disse que foi informado na sexta (10) sobre as investigações e exigiu que a informação fosse tornada pública. Segundo ele, o avião foi confundido com um míssil de cruzeiro. Na tragédia morreram 176 pessoas.

“O inquérito interno das forças armadas concluiu que lamentavelmente mísseis lançados devido a erro humano provocaram a queda horrível do avião ucraniano e a morte de 176 inocentes”, escreveu Rouhani no Twitter.

“As investigações continuam para identificar e levar à justiça os responsáveis”, acrescentou, classificando o abate do avião como “uma grande tragédia e um erro imperdoável”.

Em uma segunda postagem, Rouhani disse que o Irã “lamenta profundamente esse erro desastroso”. “Os meus pensamentos e orações vão para todas as famílias de luto. Ofereço as minhas mais sinceras condolências”, acrescentou.

Avião confundido com míssil

Mais cedo, a televisão estatal iraniana difundiu uma declaração militar que atribuía o abate da aeronave a um erro.

O avião ucraniano voou perto de “um centro militar sensível” da Guarda Revolucionária. Devido às tensões com os Estados Unidos, os militares estavam no nível mais elevado de prontidão. “Nestas condições, devido a um erro humano e de uma forma não intencional, o avião foi atingido.”

O avião ucraniano foi confundido com um míssil de cruzeiro, afirmou mais tarde um comandante da Guarda Revolucionária na televisão estatal iraniana. O aparelho foi abatido por um míssil de curta distância, revelou o responsável da divisão aérea Amirali Hajizadeh, dizendo que o míssil explodiu ao lado do avião.

“Quem me dera poder morrer e não assistir a um acidente como este”, acrescentou Hajizadeh. Um soldado teria disparado sem ordem devido a um “congestionamento de telecomunicações”, disse o general.

Até o momento, o Irã negava que um míssil fosse responsável pelo acidente. No entanto, os Estados Unidos e o Canadá afirmaram, citando informações dos respectivos serviços de segurança, que o acidente foi causado por um míssil iraniano.

Queda do avião foi filmada

O New York Times divulgou um vídeo do momento em que o míssil atingia o avião.

O Boeing 737 da companhia aérea Ukrainian International Airlines, decolou de Teerã, com destino a Kiev, caindo dois minutos após a descolagem nos arredores da capital iraniana.

O acidente ocorreu horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de vingança pela morte do general iraniano Qassem Soleimani.

A aeronave, que seguia para Kiev, transportava 167 passageiros e nove tripulantes de várias nacionalidades, incluindo 82 iranianos, 57 canadenses, 11 ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos. Ucrânia e Canadá exigem investigação completa.

O que dizem as autoridades

O presidente ucraniano exige que o Irã assuma inteiramente as responsabilidades. “Esperamos do Irã garantias da sua abertura para uma completa e transparente investigação, trazendo os responsáveis à Justiça, a entrega dos corpos, o pagamento de uma indemnização e desculpas oficiais através dos canais diplomáticos”, adiantou Volodymyr Zelenskiy.

O primeiro-ministro do Canadá exigiu igualmente “transparência” na realização de um “inquérito completo e aprofundado” para apurar as responsabilidades. “A nossa prioridade continua a ser esclarecer este caso num espírito de transparência e Justiça”, afirmou Justin Trudeau, em comunicado.

“Esta é uma tragédia nacional e todos os canadenses estão de luto. Vamos continuar trabalhando com os nossos parceiros em todo o mundo para garantir a realização de um inquérito completo e aprofundado”, afirmou, acrescentando que “o governo do Canadá espera a plena colaboração das autoridades iranianas”.

Já o responsável pela companhia aérea ucraniana disse que nunca teve dúvidas de que o acidente não tinha sido causado por qualquer problema do avião. O aparelho tinha apenas quatro anos e dois dias antes passou por uma inspeção periódica, que não detectou qualquer problema.

*Com Agência Brasil

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