Israel volta a atacar Rafah e insiste que só a destruição do Hamas porá fim à guerra

As declarações de Netanyahu ocorrem horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelar o conteúdo de uma proposta de paz que o Hamas descreveu como ‘positiva’

  • Por Jovem Pan
  • 01/06/2024 10h23
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Rabih DAHER / AFP Ondas de fumaça durante um ataque israelense na vila fronteiriça de Khiam, no sul do Líbano, em 1 de junho de 2024. Desde o início da guerra entre o grupo militante palestino Hamas e Israel em 7 de outubro, a fronteira libanesa-israelense tem testemunhado trocas de tiros quase diárias , principalmente entre o exército israelense e o Hezbollah, aliado do Hamas. Guerra ainda continua

As forças israelenses atacaram, neste sábado (1º), a cidade de Rafah, no sul de Gaza, com tanques e artilharia, enquanto o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, voltou a insistir que só a destruição do Hamas porá fim à guerra. As declarações de Netanyahu ocorrem horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelar o conteúdo de uma proposta de paz que o Hamas descreveu como “positiva”. Em um discurso na Casa Branca, Biden indicou que o roteiro israelense foi transmitido ao Hamas por meio do mediador do Catar. “É hora de esta guerra acabar”, enfatizou Biden na Casa Branca. “Não podemos deixar este momento passar”, acrescentou.

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O plano de três fases proposto por Israel, segundo Biden, começaria com uma trégua que incluiria a retirada das tropas israelenses das áreas povoadas de Gaza durante seis semanas e a libertação de alguns reféns detidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos.

O cessar-fogo temporário poderá tornar-se “permanente” se o Hamas “respeitar os seus compromissos”, detalhou o presidente dos EUA. A próxima fase incluiria a libertação de todos os reféns.

O grupo islamista, que governa Gaza desde 2007, avaliou a proposta “positivamente” em um comunicado.

No entanto, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insistiu neste sábado que a “destruição” do Hamas é essencial para o seu plano.

“As condições de Israel para acabar com a guerra não mudaram: a destruição das capacidades militares e de governança do Hamas, a libertação de todos os reféns e a garantia de que Gaza não representa mais uma ameaça para Israel”, disse ele em comunicado.

“A ideia de que Israel concordará com um cessar-fogo permanente antes que estas condições sejam atendidas não faz sentido”, insistiu.

 Raio de esperança

A proposta de paz suscitou reações internacionais positivas, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, que pediu a Israel e ao Hamas para “aproveitarem a oportunidade” para alcançarem “uma paz duradoura no Oriente Médio”.

Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a proposta é “realista”. E a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, assegurou que “oferece um raio de esperança e possivelmente uma saída para desbloquear o conflito”.

O grupo islamista, considerado uma organização “terrorista” por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, insiste que qualquer cessar-fogo deve ser permanente.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.189 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os milicianos também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 permanecem sequestradas em Gaza, das quais 37 teriam morrido.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre que até agora deixou 36.284 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.

Nas últimas semanas, as forças israelenses têm avançado em direção ao centro de Rafah, uma cidade no sul da Faixa de Gaza que se tornou o epicentro do conflito.

Neste sábado, moradores relataram disparos de tanques no bairro de Tal Al Sultan, no oeste da cidade, enquanto testemunhas no leste e centro de Rafah descreveram intensos bombardeios de artilharia.

Vida “apocalíptica”

Em várias áreas do sul da Faixa de Gaza, a vida tornou-se “apocalíptica” desde o início da ofensiva terrestre israelense contra Rafah, no início de maio, alertou o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU.

Antes do início da operação israelense na cidade, a ONU estimava que 1,4 milhão de pessoas estavam abrigadas ali. Um milhão fugiu desde então, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

A implantação terrestre em Rafah permitiu a Israel assumir o controle do chamado Corredor Filadélfia, uma faixa de 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e Egito.

O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, acusa o Hamas de usar esse corredor para transportar armas para Gaza por meio de túneis.

O Egito e Israel culpam-se mutuamente pelo bloqueio da passagem fronteiriça de Rafah, crucial para a entrada de ajuda humanitária em Gaza e fechada desde que o Exército assumiu o controle do lado palestino no início de maio.

A ONU alerta frequentemente para o risco de fome no território.

O conflito desencadeou violência na Cisjordânia e também na fronteira entre Israel e o Líbano, onde os bombardeios israelenses mataram quatro pessoas na sexta-feira, disse o movimento islamista Hezbollah, aliado do Hamas.

*Com informações da AFP 

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