Nancy Pelosi: saiba quem é a congressista que virou a principal pivô nas tensões entre China e EUA

Deputada tem uma longa história de provocação com os chinesese e é defensora dos direitos humanos em Pequim; ela é a segunda na linha se sucessão de Joe Biden

  • Por Jovem Pan
  • 03/08/2022 13h43
Sam Yeh / AFP nancy pelosi Nancy Pelosi tem 82 anos e é a segunda na linha de sucessão de Joe Biden

Nas últimas 24 horas, um nome ganhou destaque nos noticiários: Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. Ela é a pivô da mais recente tensão entre a China e o governo americano. Na terça-feira, 2, a deputada desembarcou em Taiwan, se tornou a congressista mais poderosa a visitar a ilha em 25 anos e enfureceu Pequim, porque os chineses consideram a ilha como parte de seu território que deve ser reunificado, inclusive, com o uso da força, se necessário. O atrito de Pelosi com a China não é recente, ao longo de sua carreira, ela não perdeu a oportunidade de repreender Pequim pelo que considera um histórico sombrio em matéria de direitos humanos e democracia. Presente na política desde jovem e de uma família com histórico político – seu pai, Thomas D’Alessandro Jr, foi prefeito por 12 anos da cidade de Baltimore – Pelosi é formada em Ciências Políticas pela Trinity College e construiu sua carreira no Partido Democrata. Aos 82 anos, a presidente da Câmara é a segunda na linha de sucessão de Joe Biden, atrás apenas de Kamala Harris, foi a primeira mulher a presidir a Câmara dos EUA, sendo a primeira vez em 2007 e a segunda em 2019 – cargo no qual continua até hoje – e citada pelo jornal “The New York Times” como “ícone feminino”.

Pelosi é congressista por São Francisco, na Califórnia, há 35 anos, e quando era jovem na área, denunciou repetidamente o que chamou de massacre de 1989 na Praça da Paz Celestial contra manifestantes pró-democracia, e acusou o serviço de segurança chinês de realizar execuções secretas. “Os direitos humanos do povo chinês não são um assunto interno”, declarou. Desde então, já criticou os dirigentes chineses e se reuniu com dissidentes políticos e religiosos, bem como com o Dalai Lama. Também classificou como genocídio o tratamento dispensado às minorias muçulmanas na região de Xinjiang. Dois anos após a repressão de 1989, Pelosi recebeu um convite oficial e viajou para a China com outros dois membros do Congresso. No entanto, irritou seus anfitriões ao visitar a famosa praça e depositar flores em um monumento aos mártires exibindo uma faixa que dizia “Para aqueles que morreram pela democracia na China”. Depois que a polícia chinesa deteve brevemente os congressistas americanos, Pelosi declarou: “Estão há dois dias nos dizendo que existe liberdade de expressão na China. Isso não se encaixa no que nos disseram”. A norte-americana foi a responsável por dar início e aprovar dois processos de impeachment contra o ex-presidente Donald Trump, e rasgar o discurso do Estado da União feito pelo empresário em 2020. Ela é uma velha conhecida na política dos EUA e um nome de peso. Foi a responsável por articular a aprovação do pacote de estímulos que tinham como objetivo resgatar os EUA da recessão, trabalhou para que o ex-presidente Barack Obama aprovasse o “Affordable Care Act” – um dois programas mais marcantes dos seus dois mandatos. Já no atual governo, é responsável por articular a aprovação de alguns programas, incluindo o “Build Back Better”, plano de recuperação econômica pós-pandêmico que destinou US$ 1,9 trilhões para políticas que avaliassem o impacto da Covid-19 na economia norte-americana.

 

Por que Pelosi foi a Taiwan?

Uma grande defensora dos direitos humanos na China, Pelosi não parece dar muita importância ao impacto de suas ações nas relações diplomáticas entre Washington e Pequim. Ao desembarcar na ilha, ela publicou em seu Twitter parte de um comunicado em que negava que a visita contraria a política adotada pelos EUA em relação à ilha, se referindo ao Ato das Relações com Taiwan, assinado em 1979 pelo Congresso dos EUA. A princípio, sua ida a Taiwan poderia se considerar uma motivação política, uma vez que ela representa no Congresso americano São Francisco, que conta com uma comunidade chinesa importante, formada na década de 1980 principalmente por pessoas que fugiram da China comunista ou tinham raízes em Taiwan e Hong Kong, muito mais livres. Contudo, sua visita inesperada à China, não teve apoio do seu partido. Biden desaprovou a viagem. Segundo a imprensa, o presidente americano, um aliado próximo de Pelosi, esperava dissuadi-la da ideia de viajar para Taiwan, para evitar irritar a China no momento em que os Estados Unidos estão envolvidos na guerra na Ucrânia. Mas ela se manteve firme. “Fazemos esta viagem no momento em que o mundo enfrenta uma escolha entre a autocracia e a democracia” e é “essencial deixar claro que nunca cederemos aos autocratas”, ressaltou a deputada.

*Com informações da AFP

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