‘Ninguém pode nos tirar a democracia’, diz presidente da Bolívia após tentativa de golpe de Estado

Luis Arce mostrou-se vitorioso após a tentativa de golpe de Estado por militares que se posicionaram nesta quarta-feira (26) por várias horas com tanques em frente à sede do governo, no centro de La Paz

  • Por Jovem Pan
  • 26/06/2024 19h49 - Atualizado em 26/06/2024 20h52
AIZAR RALDES/AFP Bolivian President Luis Arce O presidente boliviano Luis Arce fez um pronunciamento de um balcão do palácio de governo diante de apoiadores

O presidente da Bolívia, Luis Arce, mostrou-se vitorioso após a tentativa de golpe de Estado por militares que se posicionaram nesta quarta-feira (26) por várias horas com tanques em frente à sede do governo, no centro de La Paz, antes de abandonar o local. “Ninguém pode nos tirar a democracia que conquistamos (…) Estamos certos de que vamos continuar e vamos seguir trabalhando”, afirmou Arce de um balcão do palácio de governo diante de centenas de apoiadores.

Entenda o caso

Nesta quarta (26), tropas militares e tanques foram deslocados para a sede do governo boliviano em La Paz e tentaram derrubar uma porta do palácio presidencial. Tanques e tropas ocuparam a Praça Murillo, no centro da capital boliviana, onde está a sede presidencial. Um tanque tentou derrubar uma porta metálica do palácio presidencial, por onde posteriormente entrou o general Juan José Zúñiga, comandante do Exército. Segundo a televisão boliviana, o militar entrou no edifício por alguns momentos antes de sair caminhando. Pouco depois, o presidente Luis Arce convocou os bolivianos a se mobilizarem “contra o golpe de Estado”.

“O povo boliviano é convocado hoje, precisamos que o povo boliviano se organize e se mobilize contra o golpe de Estado, a favor da democracia”, disse Arce em uma mensagem ao país junto a seus ministros no palácio presidencial. “A democracia deve ser respeitada”, escreveu antes Arce em sua rede social X. “Está se formando um golpe de Estado. Neste momento, há o envio de pessoal das Forças Armadas e tanques na Praça Murillo”, denunciou por sua vez o ex-presidente Evo Morales. “Convocamos uma Mobilização Nacional para defender a Democracia frente ao golpe de Estado que está sendo articulado sob a liderança” do general Zúñiga, acrescentou.

“Quebra da ordem”

Desde terça-feira circulam rumores sobre a provável destituição do chefe do Exército, no cargo desde novembro de 2022, que se opõe firmemente ao retorno de Morales ao poder no próximo ano. Em uma entrevista na segunda-feira com um canal de televisão, o chefe do Exército assegurou que prenderia Morales se ele insistisse em se candidatar à presidência nas eleições de 2025, apesar de ter sido inabilitado pela justiça eleitoral. “Legalmente, ele está inabilitado, esse senhor não pode voltar a ser presidente deste país”, disse Zúñiga.

O partido governante da Bolívia, o Movimento ao Socialismo (MAS), está profundamente dividido entre o presidente Luis Arce e seu antigo aliado e hoje adversário, o ex-presidente Evo Morales. Amparado nas reformas constitucionais que ele mesmo promoveu, Morales ocupou a presidência entre 2006 e 2019, quando foi forçado a renunciar após ser acusado de fraude eleitoral para obter um quarto mandato.

No final de dezembro de 2023, o Tribunal Constitucional inabilitou Morales como candidato presidencial para a disputa de 2025, argumentando que a reeleição indefinida não é um “direito humano”, como havia declarado em outra sentença de 2017. Mas Morales busca este ano a nomeação à presidência como candidato do MAS, enquanto o presidente Arce, no poder desde 2020, não se pronunciou sobre se buscará a reeleição.

Diante da tensa situação em La Paz, a Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou que “não tolerará nenhuma forma de quebra da ordem constitucional” na Bolívia. “Expressamos nossa solidariedade com o presidente Luis Arce Catacora. A comunidade internacional, a secretaria-geral da OEA, não tolerará nenhuma forma de quebra da ordem constitucional legítima na Bolívia nem em qualquer outro lugar”, disse o chefe do organismo, Luis Almagro, em Assunção, onde está sendo realizada até sexta-feira a assembleia geral da organização.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou de imediato um “golpe de Estado”. “Presidente Lucho Arce, convoque o povo, só o povo salva o povo. Alerta, Bolívia!”, afirmou. Por sua vez, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, em seu papel de presidente em exercício da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), convocou os países membros do grupo a “condenar o fascismo que hoje atenta contra a democracia na Bolívia e exigir o respeito pleno ao poder civil e à Constituição”.

Nova cúpula das Forças Armadas

O presidente boliviano, Luis Arce, juramentou nesta quarta-feira (26) a nova cúpula das Forças Armadas, em meio a uma tentativa de golpe de Estado pelo comandante destituído do Exército, que mobilizou tanques e tropas em frente à sede do governo. Arce juramentou os novos comandantes no palácio presidencial, em La Paz, segundo uma transmissão ao vivo pela TV.

Veja post de Arce 

Confira denúncia de Evo Morales

Publicado por Carolina Ferreira

*Com informações da AFP

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