Número de mortos em queda de ponte na Itália chega a 39

  • Por Estadão Conteúdo
  • 15/08/2018 11h33
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EFE Muitas famílias trafegavam pela estrada na véspera de um feriado no país

As equipes de resgate italianas retiraram mais dois corpos das toneladas de escombros de concreto quebrado e aço torcido nesta quarta-feira, 15, elevando o número de mortos no desabamento da Ponte Morandi, em Gênova, para 39. O colapso da estrutura derrubou dezenas de carros e três caminhões que estavam a 45 metros de altura.

Muitas famílias trafegavam pela estrada na véspera de um feriado no país. O desmoronamento aconteceu após uma tempestade na região.

O chefe da Defesa Civil, Angelo Borelli, confirmou nesta quarta-feira que 39 haviam morrido e outros 15 foram feridos no acidente. Segundo o ministro do Interior, Matteo Salvini, três crianças estão entre os mortos.

Trabalhando com equipamentos pesados, as equipes de resgate escalaram os pedaços de concreto com cães farejadores durante toda a noite e seguiram no início do dia, em busca de sobreviventes ou corpos. Segundo Borrelli, mais de 1.000 atendentes de emergência estão no local. Enquanto isso, investigadores trabalham para determinar de quem é a responsabilidade pela tragédia.

A ponte, de 1967, foi considerada inovadora à época de sua inauguração pelo uso de concreto ao redor dos cabos, mas uma reforma era necessária, especialmente porque o tráfego sobre a estrutura estava mais pesado do que os projetistas inicialmente previram.

O especialista Antonio Brencich, da Universidade de Gênova, havia anteriormente chamado a ponte de “falha de engenharia”.

Uma mulher cuja identidade não foi divulgada disse que estava em pé, abaixo da ponte, e a estrutura desmoronou como se fosse um monte de farinha. Especialistas em engenharia, observando que a ponte tinha 51 anos, disseram que a corrosão e o clima podem ter influenciado em seu colapso.

A sociedade italiana de engenharia CNR disse que estruturas que datam da época em que a Ponte Morandi foi construída já ultrapassaram seu tempo de vida útil. O grupo pediu um “Plano Marshall” para reparar ou substituir dezenas de milhares de pontes e viadutos construídos nos anos 1950 e 1960. Além disso, a CNR afirmou que simplesmente atualizar ou reforçar as pontes seria mais caro do que destruí-las e reconstruí-las com nova tecnologia.

Mehdi Kashani, professor associado em mecânica estrutural na Universidade de Southampton, no Reino Unido, disse que a pressão de “cargas dinâmicas”, como tráfego pesado ou ventos fortes, podem ter causado danos em partes da ponte.

O ministro italiano dos Transportes e Infraestrutura, Danilo Toninelli, disse que há um plano pendente de gastos na casa dos 20 milhões de euros em licitações para trabalhos de segurança significativos na ponte.

Embora a causa do desabamento ainda não tenha sido determinada, disputas políticas se intensificaram ao redor da questão. Toninelli, populista do Movimento 5 Estrelas, usou o Facebook para a ameaçar que o Estado, se necessário, assumiria o controle direto da empreiteira responsável pela ponte se a empresa não puder cuidar adequadamente das estradas e pontes pelas quais é responsável.

A rádio estatal italiana informou que alguns legisladores do 5 Estrelas questionaram em 2013 a sensatez de um programa ambicioso e caro para a reforma da infraestrutura, considerando um possível desperdício. No site do partido, o texto que falava sobre o assunto foi removido na terça-feira, após o acidente.

Poucas horas depois do colapso, o ministro Salvini tentou tirar a culpa do novo governo populista do país, prometendo não deixar que a União Europeia (UE) pare os esforços para tornar segura a infraestrutura do país. O bloco atualmente enfrenta sobrecarga com dívidas públicas.

Gênova é uma cidade propensa a enchentes e autoridades alertaram que os destroços do desmoronamento devem ser removidos o mais rápido possível. Alguns dos pedaços da ponte caíram no leito seco de um rio que pode inundar quando a estação chuvosa recomeçar, em poucas semanas.

No Vaticano, o papa Francisco fez preces pelas vítimas do acidente. Falando a fiéis na Praça de São Pedro, o pontífice expressou “proximidade espiritual” com as vítimas, os feridos e suas famílias, além das centenas de pessoas que foram forçadas a sair de suas casas na área do desmoronamento.

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