Papa Francisco promulga nova Constituição do Vaticano

Nova carta dá mais transparência financeira ao Estado controlado pela Igreja Católica e abre espaço para participação de mulheres em órgãos de governo

  • Por Jovem Pan
  • 19/03/2022 20h51
Alberto Pizzoli / AFP Homem branco idoso em vestes litúrgicas em frente a microfone, com vela ao lado Papado de Francisco completou nove anos neste sábado

O papa Francisco promulgou neste sábado, 19, uma nova Constituição que reestrutura o órgão de governo do Vaticano, introduzindo mais transparência financeira e abrindo-o para mulheres e laicos, cumprindo uma promessa feita antes de sua eleição em 2013. A nova Constituição, que entrará em vigor em 5 de junho, reforma partes da Cúria Romana (o governo do Vaticano) e substituirá a “Pastor Bonus” promulgada em 1988 por João Paulo II.

Entre as principais mudanças estão a possibilidade de laicos e mulheres católicas chefiarem departamentos do Vaticano, além da instituição de uma comissão consultiva sobre abuso sexual. Os dicastérios (ministérios) da Cúria, que por décadas funcionaram com financiamentos a portas fechadas, inicialmente relutaram em aceitar uma gestão mais centralizada, agora consagrada na nova Carta Magna do Estado da Igreja Católica. O documento incorpora muitas reformas já aplicadas pelo papa argentino, mas também contém algumas novidades, como o desejo de expandir o catolicismo para além de seus 1,3 bilhão de fiéis. A nova Constituição “Praedicate evangelium”, de 52 páginas, cria neste sentido um novo “dicastério” para a evangelização, que será presidido pelo próprio Francisco.

O texto, que foi publicado no nono aniversário do pontificado de Francisco, também acrescenta a Comissão do Vaticano para a Proteção de Menores – um órgão consultivo papal – ao dicastério que supervisiona as investigações internas de casos de abuso sexual do clero. Segundo o cardeal Sean O’Malley, que preside a Comissão, trata-se de um “avanço significativo” que dará peso institucional à luta contra um flagelo que assola a Igreja em todo o mundo. Para Marie Collins, vítima que fez parte da comissão antes de 2017, quando renunciou devido à forma como a Igreja enfrentou a crise, é um retrocesso. “A Comissão perdeu oficialmente qualquer aparência de independência”, disse no Twitter.

*Com informações da AFP

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