Pelo 16º fim de semana seguido, Hong Kong é palco de protesto e confrontos

Depois do lançamento de um coquetel molotov, a polícia chinesa respondeu com bombas de gás e tiros com balas de borracha

  • Por Jovem Pan
  • 21/09/2019 10h29 - Atualizado em 21/09/2019 10h30
EFE Protestos em Hong Kong são reprimidos com violência e uso de gás lacrimogênio

Milhares de pessoas foram às ruas neste sábado, pelo 16º fim de semana consecutivo de protestos populares em Hong Kong, em atos que foram reprimidos mais uma vez pela polícia com uso de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (17), Carrie Lam, chefe do executivo de Hong Kong, declarou que vai iniciar um diálogo público na próxima semana. Segundo ela, “pessoas de todas as classes sociais” terão liberdade para participar.

O conflito entre os manifestantes e os agentes das forças de segurança explodiu às 17h locais (6h de Brasília), depois do lançamento de um coquetel molotov e outros objetos por participantes de um dos protestos, ocorrido na região de Tuen Mun, nos novos territórios.

A polícia respondeu de maneira quase imediata, com gás e tiros com balas de borracha, nos arredores de um terminal rodoviário, o que provocou muita correria.

Após a resposta dos agentes das forças de segurança, alguns dos manifestantes, vestidos de roupa preta e mascarados, fizeram barricadas em várias ruas, as incendiaram e fugiram em seguida.

Nos últimos três meses, a maioria dos protestos segue o mesmo roteiro, de uma manifestação que começa pacífica, tem atos de vandalismo e acaba com confrontos.

Hong Kong chegou a 16 fins de semana seguidos de manifestações contra o governo, em ações que vêm ficando cada vez mais violentas com o passar do tempo. Ruas em chamas, inclusive, se tornaram uma imagem comum no território autônomo da China.

Hoje, ativistas que se classificam como defensores da democracia, assim como grupos favoráveis ao governo local, realizaram diferentes manifestações em diversas partes da antiga colônia britânica.

Tuen Mun foi o palco de um dos maiores atos, com milhares de pessoas se reunindo na região. A justificativa do ato era protestar contra as mulheres que cantam e dançam de maneira provocativa em um grande parque da localidade, o que os moradores alegam ser trabalho sexual ilegal.

Apesar do argumento para a convocação da manifestação, foi nítido o sentimento contra o governo e contra a China. A polícia chegou a proibir a reunião de pessoas, mas a organização obteve autorização poucas horas antes do horário marcado.

Ao mesmo tempo em que gritavam contra “a dama”, que é a forma como se referem às mulheres que dançam e cantam em praça pública, os manifestantes faziam coro contra “os comunistas”, em referência ao regime da China, e um grupo queimou a bandeira do país.

A passeata veio depois de uma campanha a favor do governo, que tinha como objetivo retirar cartazes colocados nas paredes e nas ruas de diferentes partes de Hong Kong, em ação conhecida como “Muro Lennon”, em referência a John Lennon, inspirada por grafites feitos em um famoso muro de Praga, na República Tcheca, nos anos 80.

A campanha “Limpemos Hong Kong” foi impulsionada pelo deputado pró-Pequim Junius Ho, que se transformou em uma das figuras mais odiadas pelos manifestantes, que o acusam de estar envolvido em um ataque que teria participação da máfia chinesa, há dois meses, em Yuen Long.

No incidente de 21 de julho, que causou comoção em Hong Kong, dezenas de manifestantes vestidos de preto e outros manifestantes foram agredidos por um grande grupo organizado, com pessoas vestidas de branco, durante mais de 30 minutos, diante da ausência de policiais.

Na manhã deste sábado (21), pequenos grupos de pessoas foram vistos em diversos distritos, arrancando cartazes do “Muro Lennon”, o que chegou a gerar reclamação de moradores e até alguns confrontos.

Por causa dos tumultos nas ruas de Tuen Mun, a estação de metrô da região chegou a ser fechada por aproximadamente duas horas, a partir das 15h (4h de Brasília).

*Com informações da EFE

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