Ucrânia tenta negociar a criação de ‘corredores humanitários’ com a Rússia nesta quinta

Nenhum dos dois lados sugere esperança em avanços nos acordos após o fracasso da primeira rodada na Bielorrússia na última segunda-feira

  • Por Jovem Pan
  • 03/03/2022 12h58 - Atualizado em 03/03/2022 13h04
Attila KISBENEDEK / AFP refugiados ucranianos Policiais da Hungria ajudando pessoas que cruzaram a fronteira

Entre os principais pontos levados para negociação com a Rússia nesta quinta-feira, 3, em reunião que começou há poucos minutos, a Ucrânia vai pedir a criação de corredores humanitários para seus cidadãos poderem sair do país com segurança, principalmente das aldeias e cidades destruídas ou constantemente bombardeadas. A informação foi divulgada por oficiais ucranianos que participam das negociações de paz com os russos. Atualmente, o país já passa de 1 milhão de refugiados. O último encontro entre as nações envolvidas diretamente no conflito ocorreu na última segunda-feira, 28, mas sem que chegassem a um acordo final.

O negociador ucraniano Davyd Arakhamia postou uma foto no Facebook dele se preparando para embarcar em um helicóptero para as negociações e escreveu de legenda: “O programa mínimo: corredores humanitários”. O conselheiro do Chefe do Gabinete da presidência da Ucrânia, Mykhailo Podolak, também fez o mesmo no Twitter e escreveu um pouco mais sobre as intenções ucranianas na reunião desta quinta: “Comeceçamos a falar com representantes russos. As questões-chave da agenda: 1. Cessar-fogo imediato 2. Armistício 3. Corredores humanitários para a evacuação de civis de aldeias e cidades destruídas ou constantemente bombardeadas”. Nenhum dos dois lados sugeriu que esperava avanços para um acordo depois que do fracasso da primeira rodada de negociações, realizada na Bielorrússia.

Na última quarta-feira, 2, a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, informou que o país pediu que o Papa Francisco conversasse com o presidente russo, Vladimir Putin, apelando para que ele permitisse a criação dos corredores humanitários, onde os civis afetados pela guerra pudessem ter segurança para sair do país. “Espero que a conversa aconteça”, disse ela ao vivo para uma TV ucraniana.

No processo de invasão do território do país vizinho, há relatos de centenas de civis ucranianos mortos, atingidos por bombas em escolas, orfanatos, creches, universidades, hospitais e prédios residenciais, além de soldados russos. Mais cedo nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Seguei Lavrov, voltou a afirmar que seu país está atacando apenas as forças militares da Ucrânia e chamou as mortes de civis de “dano colateral”. De acordo com as Organização das Nações Unidas (ONU), a Ucrânia já conta mais de 1 milhão de refugiados em apenas sete dias, um dos êxodos mais rápidos de que há memória.

Apesar da Rússia ter um plano de batalha inicial de derrubar o governo de Kiev rapidamente e controlar o território em poucos dias, a resistência local de civis e militares, o apoio de outros países e as sanções internacionais dificultam o avanço das tropas russas em muitos pontos. Após uma semana do conflito bélico, a Rússia capturou e passou a controlar apenas uma única cidade ucraniana, Kherson, que possui características portuárias e fica ao sul do país, próximo ao Mar Negro.

Com sua principal força de ataque parada por dias em uma estrada no norte de Kiev, a Rússia mudou de tática nos últimos dias, aumentando o bombardeio em outras cidades importantes, como Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia, com 1,5 milhão de habitantes. O centro da cidade se tornou um grande acumulo de escombros denunciados em fotos e vídeos publicados nas redes sociais. Atualmente, os russos cercam Mariupol, o principal porto do leste da Ucrânia, e realiza pesados ​​bombardeios. As autoridades locais afirmam que não há água ou energia e que não podem evacuar os feridos. O conselho da cidade comparou a situação ao cerco de Leningrado, na Segunda Guerra Mundial.

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