OMS diz que zika não vai desaparecer e pede US$ 121,9 milhões

  • Por Estadão Conteúdo
  • 17/06/2016 08h21
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O Ministério da Saúde confirmou a terceira morte provocada pelo zika em adultos no Brasil. Foto: Fernanda Carvalho/ FotosP Públicas Fernanda Carvalho / Fotos Públicas Aedes aegypti

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que vai precisar de US$ 121,9 milhões (R$ 420 milhões) para lidar com o impacto do zika até o fim de 2017. O apelo faz parte de um novo plano estratégico anunciado nesta sexta-feira, 17, e criado diante da constatação da entidade de que o vírus não vai simplesmente desaparecer e que seu impacto poderá ser de longa duração, principalmente para famílias com crianças com microcefalia e má-formação. Mas, por enquanto, a OMS recebeu meros US$ 4 milhões.

O plano prevê ações por um ano e meio diante da constatação de que o zika continuará se espelhando. Na avaliação da entidade, essa realidade exige que sistemas de saúde terão de ser fortalecidos para atender a esse novo cenário e que famílias sejam atendidas.

O programa é anunciado quatro dias depois que a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) admitiu que o vírus, e não apenas a microcefalia, é uma emergência internacional. A entidade, porém, não recomendou o cancelamento dos Jogos Olímpicos no Rio, justificando que não fará mais diferença a realização ou não para a proliferação da doença.

Para a OMS, existe o potencial de uma proliferação ainda maior do vírus pelo mundo, diante da presença do mosquito em diversas regiões. “A falta de imunidade das populações permite que a doença se espalhe rapidamente”, indicou o plano. A OMS também admite que a estratégia é necessária diante da “ausência de vacinas, de tratamentos específicos e de testes”.

A entidade, porém, deixa claro que o problema é exacerbado diante das “desigualdades em acesso ao saneamento, informação e serviços de saúde em áreas afetadas”.

O plano é dividido em cinco partes e prevê o apoio a governos para fortalecer os programas de identificação da doença, maior reforço no combate ao vetor, apoio aos sistemas de saúde, investimentos em pesquisa e coordenação. No total, 60 parceiros internacionais participarão da iniciativa. “Zika terá um impacto de longa duração e, por isso, precisamos de um plano estratégico”, afirmou Tarik Jasarevic, porta-voz da OMS.

“A resposta agora exige uma estratégia que garanta apoio para mulheres em idade de gestação”, indicou Margaret Chan, diretora da OMS.

Segundo ela, um dos pilares do novo plano será o maior foco em prevenir e administrar as complicações médicas causadas pelo vírus. Sua meta é a de expandir as capacidades dos sistemas de saúde para que possam atender mulheres grávidas e mães cujos filhos tenham sido afetados.

Recursos

Segundo a entidade, porém, o apoio financeiro internacional tem sido mínimo para lidar com a doença. Em março, um apelo inicial foi realizado pela entidade.

De um total de US$ 53,3 milhões solicitados para enfrentar o vírus por todas as agências da ONU, elas conseguiram levantar pouco mais de 10% do valor, cerca de US$ 5,7 milhões.

Declarada como uma emergência internacional de saúde pública, o zika obrigou a OMS a se mobilizar para tentar conter a doença, já espalhada por 60 países.

A OMS, por exemplo, pediu doações e contribuições de governos no valor de US$ 17,7 milhões. Mas recebeu apenas US$ 2,3 milhões até agora.

A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) havia feito um apelo por US$ 8,1 milhões, mas recebeu apenas US$ 1,6 milhão para suas ações na região mais afetada pela crise. Outro parceiro da ONU, AmeriCares, solicitou US$ 4,1 milhões – recebeu somente US$ 40 mil.

Diversas entidades sofrem com o mesmo problema. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês) teve a solicitação de US$ 9,6 milhões praticamente ignorada. Só US$ 250 mil entraram no caixa. Mesmo no Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês), o pedido de US$ 13,8 milhões foi atendido em somente US$ 1,7 milhão, deixando um buraco de US$ 12 milhões.

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