Após fala de Araújo, Dilma sai em defesa de Kátia Abreu e chama ex-chanceler de ‘nefasto e ridículo’
Ex-presidente usou redes sociais para criticar o ministro que pediu demissão nesta segunda-feira, 29, após pressão coordenada pelo Centrão
A ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT) usou as redes sociais nesta segunda-feira, 29, para sair em defesa da senadora Kátia Abreu (PP-TO) após uma série de publicações do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, expor uma reunião privada deles nas redes sociais e insinuar que a pressão para sua saída foi fruto de uma insatisfação por parte dela e de outros parlamentares do Centrão. “Em duas mensagens publicadas no twitter, a ex-presidente afirmou que a senadora sempre “agiu na defesa dos interesses do Brasil” enquanto o chanceler “desmoralizou o Itamaraty” e “se indispôs, entre outros, com a China, com os EUA, com a Índia, com a Argentina e com a UE”. Dilma também chamou Araújo de “nefasto e ridículo”, afirmando que ele “representava o governo neofascista de Bolsonaro”.
Um dia antes de pedir demissão, ainda no domingo, 28, Ernesto Araújo usou as redes sociais para insinuar que a pressão feita pelos parlamentares por sua saída estaria relacionada aos interesses de senadores na licitação da tecnologia 5G, que deve ocorrer ainda em 2021. Em dois tuítes, o chanceler relatou uma reunião com a senadora Kátia Abreu, atual presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Casa, na qual ela teria pedido um “gesto em relação ao 5G”. “Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: “Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.” Não fiz gesto algum. Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria”, diz a publicação.
Com a declaração de Ernesto, apoiadores do chanceler e do presidente Jair Bolsonaro passaram a atacar Kátia Abreu e outros membros do Centrão, que integram a base de apoio do governo federal no Legislativo, nas redes sociais. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também usou as redes sociais para afirmar que a fala de Araújo atingia toda a Casa e era um “grande desserviço ao país”. Em nota, Kátia Abreu afirmou que Araújo, a quem chamou de “marginal”, resumiu “três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade” e faz coro por sua demissão.
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