Delegados de polícia assinam carta aberta em defesa do ex-ministro Anderson Torres

Grupo lamenta a prisão do ex-secretário, ressalta que o episódio não apagará ‘o brilho da sua história de homem de polícia’ e valoriza o trabalho de Torres na época em que ele atuava pela Polícia Federal

  • Por Jovem Pan
  • 30/04/2023 15h41
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Isaac Amorim/MJSP Anderson Torres Anderson Torres está preso há três meses em Brasília e é investigado pelos atos de 8 de Janeiro

Mais de 100 delegados da Polícia Federal (PF) assinaram uma carta aberta em defesa do ex-ministro Anderson Torres, preso após os atos de 8 de Janeiro. O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal está preso desde o dia 14 de janeiro por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator da apuração dos ocorridos em Brasília. Na carta à qual a reportagem do site da Jovem Pan teve acesso, os delegados citam a “integridade moral e ética exemplar” de Torres, “na dedicação ímpar à sua missão constitucional de bem servir a sociedade e a nação brasileira”. Os delegados citam as duas vezes em que Torres exerceu o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e como ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, onde, segundo a carta, “cumpriu árdua missão em tempos conturbados”. Em seguida, o documento ressalta que o trabalho de Torres foi importante “para a manutenção harmoniosa da independência dos Poderes da União”.

Na sequência, os delegados elogiam a postura de Torres diante dos últimos acontecimentos, mencionando que o ex-secretário demonstrou uma “férrea disciplina profissional” afirmando que o mesmo retirou de cena “todos os embaraços que pudessem ditar rumos alheios à sua idônea perspectiva sobre a soberania da vontade popular , que é a preservação do nosso Estado Democrático de Direito”. No fim, os delegados lamentam sua prisão, ressaltam que o episódio não apagará “o brilho da sua história de homem de polícia” e valorizam o trabalho de Torres na época em que ele atuava pela Polícia Federal. Na última quarta-feira, a defesa do ex-ministro entrou com um pedido de habeas corpus no STF para que Torres pudesse cumprir prisão domiciliar, alegando que um laudo psiquiátrico apontou que ele corria risco de cometer suicídio. Na sexta, o ministro Luís Roberto Barroso negou a solicitação. Neste domingo, uma missa “em ação de graças pela vida e saúde” de Torres foi marcada em Brasília. Segundo a repórter Iasmin Costa, há a possibilidade da carta dos delegados ser entregue à família do ex-ministro durante a celebração.

Leia a íntegra da carta aberta em defesa de Anderson Torres

Prezado e digno colega, delegado de polícia federal Anderson Torres! Temos certeza que centenas de colegas nossos gostariam de assinar esta Carta que pesarosos, mas orgulhosos de sua história, ora lhe endereçamos. Somos testemunhas de sua integridade moral e ética exemplar, na dedicação ímpar à sua missão constitucional de bem servir a sociedade e a nação brasileira, seja em quaisquer circunstâncias ditadas por ideologias, que são meras nuances do exercício do poder político partidário. Prova disso, nobre doutor,  está nos resultados dos seus requisitados préstimos pela administração pública, sendo nomeado duas vezes para o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, onde cumpriu árdua missão em tempos conturbados e no governo anterior, como ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública.

Todos sabemos que a sua intransigência quanto ao culto aos objetivos fundamentais da nossa República foi de grande valia para a manutenção harmoniosa da independência dos Poderes da União, em momentos aparentemente de ideais divergentes ocorridos no governo que lhe confiou a pasta da Justiça. Nos minutos finais dessa sua jornada retirou de cena, numa demonstração de férrea disciplina profissional, todos os embaraços que pudessem ditar rumos alheios à sua idônea perspectiva sobre a soberania da vontade popular , que é a preservação do nosso Estado Democrático de Direito. Causa-nos profunda tristeza  vê-lo penalizado em consequência de terríveis momentos conturbados da nossa recente cena política, que terminou por encarcerá-lo. Isso jamais apagará o brilho da sua história de Homem de Polícia que amou a nossa sagrada democracia. Recentemente, fomos informados do intenso sofrimento no seio de sua família e de sua mãe que se ressente da  ausência forçada do filho predileto. Também o reconhecemos qualificado e competente colega e juntos  lutamos pela manutenção da ordem e da paz pública! Nós, homens e mulheres de polícia! Abraços!”

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