Eduardo Leite é reeleito governador do Rio Grande do Sul
Tucano alcançou 3,6 milhões de votos no Estado, o que representa 57% de apoio do eleitorado gaúcho; resultado marca a primeira reeleição no Estado desde 1982
Eduardo Leite (PSDB) foi reeleito governador do Estado de Rio Grande do Sul, com vitória no segundo turno das eleições 2022. Ao lado de seu vice, Gabriel Souza (MDB), o tucano alcançou 3,6 milhões de votos no Estado, o que representa 57,12% de apoio do eleitorado gaúcho, considerando dados de 100% das urnas eletrônicas já apuradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2018, o político venceu com 3.128.317 votos, o que representa 53,62% de apoio do eleitorado, contra 46,38 % de José Ivo Sartori (MDB), então candidato à reeleição no Estado. De um lado, o resultado deste domingo, 30, confirma as projeções das pesquisas eleitorais realizadas desde o início da campanha, que apontavam Leite como favorito entre os dez concorrentes disputando o primeiro turno. A série de levantamentos do Instituto Ipec (ex-Ibope), por exemplo, mostra que o governador se mantinha como principal escolha dos eleitores desde o mês de agosto, sempre oscilando acima dos 44% dos votos válidos, que excluem brancos e nulos. Por outro lado, a eleição de Eduardo Leite também representa uma virada para o tucano que, mesmo com os números positivos, ficou em segundo lugar na votação de 2 de outubro, quando Onyx Lorezoni (PL-RS) liderou com 37,50% dos votos. Neste domingo, o ex-ministro do Trabalho recebeu 2,7 milhões de votos.
A vitória de Eduardo Leite também representa a primeira dobradinha do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) no Estado em toda a história da política brasileira, além de ser o primeiro caso de reeleição de um governador no Rio Grande do Sul desde 1982. Nos últimos 40 anos, o Palácio do Piratini – sede do governo local, em Porto Alegre – foi comandado por cinco partidos, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT); o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o extinto Partido Democrático Social (PDS), o próprio PSDB, com Eduardo Leite, em 2018, e Yeda Crusius, em 2006; além do extinto PMDB, agora Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que governou por quatro mandatos e se consagra como a legenda com mais vitórias na disputa local.
Quem é Eduardo Leite?
Eduardo Leite se filiou ao PSDB em 2001, mas sua vida política começou cerca de três anos depois, nas eleições de 2004, quando foi eleito primeiro suplente ao cargo de vereador. Desde então, foi eleito vereador de Pelotas, em 2008; concorreu como deputado estadual, em 2010; e venceu a disputa à Prefeitura de Pelotas, em 2012, sendo o prefeito mais jovem na história do município. Em 2016, apesar de pesquisas apontarem aprovação de 60% do seu nome, o tucano declinou da disputa ao novo mandato por ser contra a reeleição, encaminhando sua vida política para a eleição ao governo do Rio Grande do Sul, em 2018, quando venceu José Ivo Sartori (MDB). Três anos depois, já em 2021, Eduardo Leite disputou as prévias do PSDB para escolha do candidato da legenda à Presidência da República, marcadas por uma racha interna do partido que se dividiu entre apoiadores do gaúcho e defensores do então governador João Doria (PSDB-SP), vencedor das prévias. Derrotado, Leite chegou a anunciar que não concorreria à reeleição no Rio Grande do Sul, renunciou ao cargo e foi cortejado por outros partidos, como o Partido Social Democrático (PSD), sendo também cogitado como aposta da terceira via para romper a polarização Lula-Bolsonaro e vencer as eleições de 2022. Entretanto, após tratativas com a cúpula tucana, o político gaúcho anunciou sua continuidade no partido e confirmou sua candidatura novamente ao governo estadual, falando em “apelos de lideranças políticas, sociais e empresariais”.
Como a Jovem Pan mostrou, na disputa ao segundo turno, após vantagem inicial de Onyx Lorenzoni na eleição, Eduardo Leite adotou uma postura neutra, tentando desvencilhar sua eleição da disputa nacional entre Lula e Bolsonaro e se esquivando de tomar uma posição. “Não preciso ser medido, nesta eleição, por essa régua estreita da polarização nacional, pois eu tenho serviço prestado, eu tenho uma história, uma trajetória com 18 anos de vida pública”, disse o ex-governador em 6 de outubro. A postura representa uma mudança na comparação com a eleição passada, em 2018, quando o tucano se consolidou como “apoio crítico” ao presidente Jair Bolsonaro, defendendo a candidatura do então deputado federal “por não haver hipótese” de apoiar o PT. Em análise geral, é possível dizer que a estratégia do tucano de neutralidade neste ano buscou angariar votos bolsonaristas e desidratar o adversário, que era apoiado pelo então chefe do Executivo, ao mesmo tempo em que garantia votos do eleitorado anti-Bolsonaro no Estado e de apoiadores de Lula, ainda que de forma velada. A expectativa era de que os votos Edegar Pretto (PT), que ficou com 26,77% no primeiro turno, migrassem para Leite, o que de fato aconteceu – garantindo a vitória no Estado. Além de governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite também é bacharel em direito, mas não exerce a advocacia por não possuir registro no Conselho Federal da Ordem dos Advogados (OAB). O programa de governo do candidato é centrado em cinco principais eixos: social e da qualidade de vida; ambiental e de infraestrutura; econômico; gestão; e fiscal. Suas prioridades para a nova gestão no Estado incluem, por exemplo, um programa de apoio a hospitais de pequeno porte, elaboração de um plano de moradia para pessoas em situação de rua, criação de casas-abrigo para pessoas trans e transexuais vítimas de violência, e a manutenção do Regime de Recuperação Fiscal.
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