Em carta, CPI exige que Bolsonaro esclareça suspeitas sobre Covaxin: ‘Silêncio cria situação perturbadora’

Documento faz referência aos depoimentos dos irmãos Miranda, que indicaram ilegalidades no contrato da vacina indiana contra a Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 08/07/2021 18h32 - Atualizado em 09/07/2021 07h49
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO - 18/05/2021 O presidente da república, Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto CPI atua para investigar se Bolsonaro cometeu o crime de prevaricação, ou seja, se faltou com dever ao seu cargo ao não pedir a investigação de Barros

Os líderes da CPI da Covid-19 protocolaram no Palácio do Planalto nesta quinta-feira, 8, uma carta destinada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No documento, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD), o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede) e o relator Renan Calheiros (MDB) cobram explicações sobre as suspeitas envolvendo as negociações da Covaxin, a vacina indiana contra a Covid-19. Além disso, os senadores repreendem o governo pelo silêncio diante das acusações. “Solicitamos, em caráter de urgência, frente à gravidade das imputações feitas a uma figura central da gestão, que Vossa Excelência desminta ou confirme o teor das declarações do deputado Luís Miranda. […] Somente V. Ex. ª pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros do deputado Ricardo Barros, o qual serve o governo em uma função proeminente”, registra a carta em referência aos depoimentos prestados pelos irmãos Miranda à CPI em 25 de junho.

Na ocasião, os irmãos apresentaram aos senadores suspeitas de ilegalidades no contrato da Covaxin, afirmando que Bolsonaro teria sido alertado sobre as possíveis ilicitudes e desconfiado, até mesmo, do envolvimento de Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, nos esquemas. Conforme alegam, o chefe do Executivo teria dito que pediria à Polícia Federal para instaurar um inquérito sobre o contrato — mas não o fez. Agora, a CPI atua para investigar se Bolsonaro cometeu o crime de prevaricação, ou seja, se faltou com dever ao cargo não pedindo a apuração sobre Barros.“Frisamos que a manutenção do silêncio de V. Ex.ª, em relação ao fato específico, cria uma situação duplamente perturbadora. De um lado contribui para a execração do deputado Ricardo Barros ao não contar com o desmentido firme e forte daquele que participou da conversa com os irmãos Miranda. Segundo, ao não desmentir o relato do deputado Luis Miranda, impede-se que, em não sendo verdadeiras as referenciadas informações, sejam tomadas medidas disciplinares pertinentes, porquanto é inadmissível que um parlamentar, no exercício do mandato, faça tal afirmação envolvendo o Presidente da República e Líder do Governo e, sendo inverídica, não responda por este grave ato.”

Analisando que o envio da carta auxiliaria a “elucidar os fatos”, os parlamentares justificaram que decidiram acionar Bolsonaro de maneira formal “tendo em vista que hoje, após 13 dias dos depoimentos” o chefe do Executivo ainda não teria “emitido qualquer manifestação afastando, de forma categórica, pontual e esclarecedora, as graves afirmações atribuídas” ao governo e ao líder do governo na Câmara. Os membros da CPI terminam o documento pedindo que o presidente da República se posicione “de maneira clara, cristalina, republicana e institucional”, buscando inspiração na passagem bíblica João 8:32, “tantas vezes citada em suas declarações em jornadas pelo Brasil” — “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

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