STF forma maioria para derrubar marco temporal das terras indígenas

Supremo chegou ao placar de 8 a 2 contra a tese de que os indígenas só podem reivindicar terras já ocupadas em 5 de outubro de 1988

  • Por Brasília
  • 21/09/2023 15h14 - Atualizado em 21/09/2023 17h59
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Vista do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), presidido pela ministra Rosa Weber (c, ao fundo), durante a retomada do julgamento que pode derrubar a tese do marco temporal das terras indígenas, em Brasília (DF) Indígenas acompanham o julgamento do marco temporal no STF

Os ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram contra o marco temporal para demarcação de terras indígenas. Com o placar em 8 a 2, a Corte já formou maioria contra a tese. Os magistrados acompanharam o voto do relator Edson Fachin, confirmando que as terras ocupadas pelas comunidades indígenas devem prevalecer, ainda que não estivessem no local em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Ao justificar o voto, o Fux afirmou que “há uma coexistência harmônica da proteção do meio ambiente e a proteção dos indígenas” e que a Constituição Federal prevê a proteção dos indígenas bem como suas terras. “As áreas ocupadas pelos indígenas e aquelas áreas que guardam ainda a vinculação com ancestralidade e tradição dos povos indígenas, ainda que não estejam demarcadas, têm a proteção constitucional. Esse é o meu modo de ver a interpretação teológico sistêmica mais correta da Constituição”, acrescentou.

A tese do marco temporal

Com repercussão geral reconhecida, o tema é polêmico e alvo de tensões entre o Judiciário e o Legislativo, bem como entre ruralistas e comunidades indígenas. A tese do marco temporal afirma que os povos indígenas apenas possuem direito às terras que já eram tradicionalmente ocupadas por eles no dia da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988. Caso o STF acompanhasse esse entendimento, os povos originários só poderiam reivindicar a posse de áreas que ocupavam até essa data.

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