Oposição protocola pedido de CPI para investigar fraudes no INSS e tem plano B

185 parlamentares assinaram o documento, mas para que seja instalada de fato, é preciso ainda a aprovação do presidente da Câmara, Hugo Motta

  • Por Jovem Pan
  • 30/04/2025 17h06
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Agência Brasil/Marcello Casal Fachada do INSS vista debaixo Eram feitas assinaturas falsas para descontar mensalidades dos benefícios do INSS

Os deputados de oposição ao governo, protocolaram, na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (30), um pedido para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso recentemente revelado pela Polícia Federal, que apontava um grande esquema de fraudes e desvios de dinheiro das aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 185 parlamentares assinaram o documento, mas para que seja instalada de fato, é preciso ainda a aprovação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A investigação aponta que aposentados eram cadastrados sem autorização por associações que ofereciam serviços a essas pessoas. Eram feitas assinaturas falsas para descontar mensalidades dos benefícios do INSS.

“Plano B”

A oposição no Congresso Nacional planeja um plano B e orquestra, além de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados, uma CPI Mista, que reúne as duas Casas Legislativas, para contornar a fila de requerimentos do tipo. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) e o da oposição, Zucco (PL-RS), dizem que, neste momento, há 13 requerimentos de instalação de CPI na Câmara, contando com a CPI do INSS, que conseguiu o número mínimo de assinaturas nesta quarta-feira, 30. Segundo eles, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) ainda iria definir quais CPIs teriam prioridade de instalação. A Câmara permite até cinco comissões investigativas em curso no mesmo momento.

Para driblar essa fila, caso Motta não dê prioridade à CPI do INSS, seria a instalação de uma comissão mista, com deputados e senadores. Na Câmara, a missão está com a deputada Coronel Fernanda (PL-MT), e no Senado Federal, com a senadora Damares Alves. (Republicanos-DF). Neste momento, o número mínimo de 27 assinaturas já foi alcançado no Senado, enquanto na Câmara ainda há 96 assinaturas. São necessárias 1/3 de apoios (27 no Senado e 171 na Câmara) nas duas Casas. “A CPI dos aposentados é algo urgente. Seja CPI na Câmara ou CPMI, isso precisamos implementar com toda urgência do mundo para que não só a gente coíba os erros”, diz Sóstenes.

Nesta legislatura, a oposição já usou a CPMI para garantir a instalação de uma comissão de inquérito – isso aconteceu, por exemplo, na CPMI do 8 de Janeiro. A “CPI das Fraudes do INSS”, de autoria de Coronel Chrisóstomo (PL-RO) foi uma reação após a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrarem uma operação que identificou um esquema de cobranças irregulares que soma R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF. No processo, 11 entidades associativas foram alvo de medidas judiciais. Em troca dos descontos mensais, elas afirmam que prestam serviços dos mais diversos tipos, como assistência funerária, consultas médicas e “maridos de aluguel” (reparos em residências).

Os valores repassados pelo governo federal ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) – que tem o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Frei Chico, como vice-presidente – cresceram 564% de 2020 para 2024, a partir dos descontos nas mensalidades de aposentados e pensionistas do INSS.

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Como resultado, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão. Outros seis servidores públicos foram afastados de suas funções, como o diretor de Benefícios de Relacionamento com cidadão, o procurador-geral junto ao INSS, o coordenador geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente e o coordenador geral de Pagamentos e Benefícios.

*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Fernando Dias

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