Pressionada novamente por alimentos, inflação avança 0,86% em outubro

É o maior valor para o mês desde 2002; nos últimos 12 meses, IPCA acumula alta de 3,92%

  • Por Jovem Pan
  • 06/11/2020 09h25 - Atualizado em 07/12/2020 15h17
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Tânia Rêgo/Agência Brasil Consumidores em corredor de supermercado Inflação alta é explicada pelo aumento do consumo interno, valorização do dólar e crescimento da demanda internacional por commodities

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,86% em outubro, a maior alta para o mês desde 2002, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 6. O número é 0,22 ponto percentual acima do avanço de 0,64% registrado em setembro, puxado mais uma vez pelo aumento dos preços dos alimentos, além do encarecimento das passagens aéreas. No ano, o indicador oficial da inflação brasileira acumula alta de 2,22% e, em 12 meses, de 3,92%. Em outubro de 2019, o indicador havia ficado em 0,10%. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação, avançou 0,94% em outubro, a maior alta para o mês desde 1995. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), considerado a inflação dos mais pobres, teve alta de 0,89% em outubro, o maior resultado para o mês desde 2010. No ano, o índice acumula alta de 2,95% e, nos últimos 12 meses, de 4,77%.

Apesar da desaceleração em comparação ao mês passado, o grupo de alimentos e bebidas foi o principal responsável pela alta da inflação em outubro. O segmento registrou avanço de 1,93%, impactado principalmente pela alta —  também mais leve que no mês anterior —, do arroz (13,36%) e do óleo de soja (17,44%). Por outro lado, o encarecimento do tomate (18,96%) foi mais expressiva que os 11,72% registrados em setembro. Outros itens, como as frutas (2,59%) e a batata-inglesa (17,01%), também registraram variações positivas em outubro, após recuo dos preços no mês anterior. “Todos esses itens têm contribuído para alta sustentada dos preços dos alimentos, que foram de longe o maior impacto no índice do mês”, afirma o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O levantamento do IBGE apontou a alta de 1,19% no setor de transportes como o segundo com maior impacto no avanço do IPCA no mês passado. O grupo foi puxado pelo aumento de 39,83% no preço das passagens aéreas. O aumento foi percebido em todas as regiões pesquisadas pelo instituto. O setor também foi impacto pela alta de 0,85% da gasolina, valor desacelerado ante o avanço de 1,95% registrado no mês anterior. “A alta nas passagens aéreas parece estar relacionada à demanda, já que com a flexibilização do distanciamento social, algumas pessoas voltaram a utilizar o serviço, o que impacta a política de preços das companhias aéreas”, explica Pedro Kislanov, lembrando que os preços das passagens foram coletados em agosto para quem ia viajar em outubro.

A alta de 0,89% do INPC, que é calculado com base em famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, é a mais expressiva para outubro em uma década, quando havia batido a marca de 0,92%. Em setembro, o indicador havia ficado em 0,87%. Pedro Kislanov observa que o INPC ficou novamente acima do IPCA, mas com uma diferença menor que no mês anterior. “O IPCA se aproximou do INPC porque os preços dos alimentos continuam em alta, mas também por conta das passagens aéreas, que jogaram o IPCA para cima em outubro. O peso das passagens aéreas é maior no IPCA. Já os alimentos pesam mais no INPC”, diz.

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