Quando o verde traz risco: o desafio das árvores urbanas no período chuvoso

Quedas causam acidentes e prejuízos, mas o manejo inadequado ameaça o equilíbrio entre segurança e preservação ambiental

  • Por Patrícia Costa
  • 03/12/2024 10h42 - Atualizado em 03/12/2024 11h03
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Van Campos/Fotoarena/Estadão Conteúdo - 08/03/2022 Árvore caída em cima de um carro conversível em rua de São Paulo, durante o dia Em São Paulo, por exemplo, ventos superiores a 94 km/h já resultaram em mais de 250 ocorrências de queda de árvores em um único evento climático

O período chuvoso traz um problema crítico nas áreas urbanas: a queda de árvores. Esse fenômeno, além de causar transtornos como falta de energia e bloqueio de vias, representa um risco real à segurança das pessoas. Entre as causas mais comuns estão as chuvas intensas, ventos fortes e manejo inadequado. Árvores com raízes comprometidas, espécies inadequadas para o ambiente urbano ou que não recebem manutenção regular são especialmente suscetíveis. Em São Paulo, por exemplo, ventos superiores a 94 km/h já resultaram em mais de 250 ocorrências de queda de árvores em um único evento climático. Muitas vezes, a ausência de podas regulares e avaliações estruturais contribuem para que troncos e galhos enfraquecidos cedam facilmente. A idade avançada de muitas árvores urbanas e a limitação de espaço para o desenvolvimento radicular em calçadas e áreas estreitas agravam ainda mais a situação.

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Os impactos dessas quedas vão além dos transtornos urbanos. A falta de energia, por exemplo, pode paralisar serviços essenciais e comprometer o cotidiano de milhares de pessoas. Há também registros de danos materiais significativos, como veículos e edificações atingidos, e até fatalidades. Em Itupeva, São Paulo, um homem morreu após ser atingido por uma árvore durante um temporal. Esses eventos, que se repetem a cada período chuvoso, evidenciam a necessidade de medidas preventivas para reduzir os riscos.

A solução começa pelo planejamento. Árvores saudáveis são mais resistentes, mas isso exige ações integradas entre o poder público e a sociedade. A escolha de espécies adequadas é um ponto crucial. Espécies nativas como ipês, resedás e quaresmeiras possuem raízes menos agressivas e são mais indicadas para o ambiente urbano. Além disso, programas de manutenção regular, que incluam podas preventivas e remoção de árvores comprometidas, podem evitar muitos dos acidentes registrados. Moradores também têm um papel importante ao identificar sinais de alerta, como troncos rachados, galhos secos ou inclinação excessiva, e informar às autoridades responsáveis.

Outro desafio significativo está na baixa taxa de sobrevivência das mudas. Estudos indicam que, de cada três mudas plantadas, apenas uma chega à fase adulta. Isso acontece por uma série de fatores, incluindo vandalismo, condições ambientais adversas e manejo inadequado. Em Recife, por exemplo, pesquisas mostram que podas mal executadas e ações humanas comprometem a saúde e o desenvolvimento de árvores plantadas recentemente. Essas estatísticas reforçam a importância de preservar o verde já existente e de planejar novos plantios com mais critério.

Manter árvores saudáveis em áreas urbanas é um desafio que exige esforço conjunto. O poder público precisa investir em planejamento técnico e ações preventivas, enquanto a população deve ser conscientizada sobre a importância de cuidar do verde que já existe. Com medidas adequadas, é possível preservar os benefícios da arborização urbana, como sombra, qualidade do ar e redução de temperaturas, ao mesmo tempo em que se garante a segurança da população. Transformar os desafios do período chuvoso em oportunidades para melhorar o planejamento urbano é uma meta que beneficia tanto as pessoas quanto o meio ambiente.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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