Em depoimento a Moro, Marcelo Odebrecht diz que “departamento de propinas” funcionava há décadas

  • Por Jovem Pan
  • 07/08/2018 06h53
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Agência Brasil Agência Brasil "No início de 90 decidiu-se que os pagamentos seriam feitos por doleiros”, disse em depoimento

Delatores da empreiteira Odebrecht, inclusive o ex-presidente Marcelo Odebrecht, prestaram depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta segunda-feira (06).

A ação penal investiga como funcionava o Setor de Operações Estruturadas, conhecido como departamento de propina da empresa. Os procuradores responsáveis pelo caso afirmam que o “departamento de propinas” era utilizado para ocultar a origem dos valores e os destinatários de repasses ilícitos.

Os acusados respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que está preso em Curitiba, disse que o esquema funcionava havia décadas: “até início de 90, os pagamentos não contabilizados eram feitos nos próprios projetos. Quando teve problema da crise do orçamento, aí resolveu-se que aquele modelo era arriscado. Então no início de 90 decidiu-se que os pagamentos seriam feitos por doleiros”.

Marcelo Odebrecht ainda disse que o esquema mudou após os anos 1990 e um funcionário da empresa passou a ser responsável por repassar dinheiro ilegal para doleiros.

Já a secretária do departamento de propinas Maria Lúcia Tavares disse que, inicialmente, pensou que se tratava de um esquema de sonegação de impostos: “no começo, quando cheguei lá, eu achava que estava sonegando imposto de renda. Mas eu não sabia os acordos, não sabia nada”.

Os peritos criminais chegaram a identificar dois mil codinomes nos sistemas Drousys e Mywebday, utilizados para armazenar dados do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

O processo, que foi retomado nesta segunda-feira, estava parado desde agosto de 2016 porque alguns acusados negociavam acordos de delação premiada. Quando as negociações terminaram, o Ministério Público Federal pediu o prosseguimento do caso.

Entre os acusados nesta ação, somente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto não fez acordo de colaboração premiada.

Na próxima quarta-feira (08), serão interrogados outros três ex-funcionários da Odebrecht. Na sexta-feira (10), falarão ao juiz Sérgio Moro os ex-marqueteiros do PT, João Santana e Monica Moura, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e dois operadores financeiros do esquema também sertão ouvidos.

*Informações do repórter Afonso Marangoni

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