Em depoimento a Moro, Marcelo Odebrecht diz que “departamento de propinas” funcionava há décadas
Delatores da empreiteira Odebrecht, inclusive o ex-presidente Marcelo Odebrecht, prestaram depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta segunda-feira (06).
A ação penal investiga como funcionava o Setor de Operações Estruturadas, conhecido como departamento de propina da empresa. Os procuradores responsáveis pelo caso afirmam que o “departamento de propinas” era utilizado para ocultar a origem dos valores e os destinatários de repasses ilícitos.
Os acusados respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que está preso em Curitiba, disse que o esquema funcionava havia décadas: “até início de 90, os pagamentos não contabilizados eram feitos nos próprios projetos. Quando teve problema da crise do orçamento, aí resolveu-se que aquele modelo era arriscado. Então no início de 90 decidiu-se que os pagamentos seriam feitos por doleiros”.
Marcelo Odebrecht ainda disse que o esquema mudou após os anos 1990 e um funcionário da empresa passou a ser responsável por repassar dinheiro ilegal para doleiros.
Já a secretária do departamento de propinas Maria Lúcia Tavares disse que, inicialmente, pensou que se tratava de um esquema de sonegação de impostos: “no começo, quando cheguei lá, eu achava que estava sonegando imposto de renda. Mas eu não sabia os acordos, não sabia nada”.
Os peritos criminais chegaram a identificar dois mil codinomes nos sistemas Drousys e Mywebday, utilizados para armazenar dados do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
O processo, que foi retomado nesta segunda-feira, estava parado desde agosto de 2016 porque alguns acusados negociavam acordos de delação premiada. Quando as negociações terminaram, o Ministério Público Federal pediu o prosseguimento do caso.
Entre os acusados nesta ação, somente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto não fez acordo de colaboração premiada.
Na próxima quarta-feira (08), serão interrogados outros três ex-funcionários da Odebrecht. Na sexta-feira (10), falarão ao juiz Sérgio Moro os ex-marqueteiros do PT, João Santana e Monica Moura, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e dois operadores financeiros do esquema também sertão ouvidos.
*Informações do repórter Afonso Marangoni
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