Merkel insiste em Europa unida para enfrentar pressões de EUA, China e Rússia

Angela Merkel, parece preocupada com o legado que vai deixar na Europa

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 16/05/2019 09h08 - Atualizado em 16/05/2019 10h22
EFE/Stephanie Lecocq EFE/Stephanie Lecocq O caminho para a estabilidade apontado pela alemã, no entanto, não chega a ser novidade: gerar mais riqueza e crescimento econômico

Entrando na parte final de seu longo período no poder, a chanceler alemã, Angela Merkel, parece preocupada com o legado que vai deixar na Europa.

Considerada por vários anos consecutivos como a mulher mais poderosa do mundo, Merkel viu seu prestígio dentro de casa cair consideravelmente. Tanto que o partido dela, a União Democrata-Cristã, encara a perspectiva de sofrer uma dura derrota nas eleições europeias no final do mês.

Políticos populistas têm ganhado fôlego na Alemanha e devem conquistar mais cadeiras na votação, o que coloca em risco o formato da União Europeia como conhecemos hoje. Mas ao contrário do que fez David Cameron na Grã Bretanha – e em última instância resultou nessa catástrofe chamada Brexit – Merkel não quer flertar com os votos extremistas.

Numa entrevista sendo divulgada nesta quinta-feira (16), ela insiste que a Europa precisa se unir ainda mais, sobretudo para enfrentar as pressões exercidas por Estados Unidos, China e Rússia. Para a chanceler, as antigas certezas da ordem mundial estabelecida no pós-guerra não se aplicam mais. O caminho para a estabilidade apontado pela alemã, no entanto, não chega a ser novidade: gerar mais riqueza e crescimento econômico.

E talvez esteja aí a principal fragilidade de Merkel para mobilizar o resto do continente: a Alemanha já tem muito dinheiro.

Sobram euros nos cofres públicos e privados do país enquanto os outros aliados do bloco enfrentam a duras penas uma recuperação econômica baseada em empregos precários e endividamento.

Imigração, controle de fronteiras e identidade nacional são apenas bandeiras fáceis que os populistas utilizam para mobilizar o eleitorado mais insatisfeito.

Na prática, no entanto, as dificuldades econômicas são o estopim de tudo isso. E a Alemanha de Angela Merkel não teve muito sucesso em enfrentar essa questão enquanto enriquecia consideravelmente mais que os outros sócios do chamado projeto europeu.

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