Na Itália, premiê britânica tentará convencer europeus a darem mais prazo para Brexit

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 22/09/2017 09h31 - Atualizado em 22/09/2017 09h33
EFE Outro ponto crucial é que Theresa May deve oferecer hoje uma compensação financeira para a União Europeia durante esse período estendido de negociações

A primeira-ministra britânica, Theresa May, vai fazer um aguardado discurso sobre o Brexit nesta sexta-feira (22) em Florença, na Itália.

O berço do Renascimento será palco da fala que promete dar uma espécie de norte às negociações de divórcio, que não andam nada bem.

A verdade é que os britânicos estão trocando a roda com o carro andando. O país votou para sair da União Europeia sem um plano claro de como fazer isso e o prazo final para desfiliação se aproxima com rapidez.

E como o tempo é o inexorável da vida, Theresa May vai tentar convencer os europeus a dar mais prazo para os britânicos. A proposta dela é criar um período de transição para o Brexit de até dois anos após 2019.

Esse prazo, no entendimento do governo, seria o suficiente para as empresas organizarem seus investimentos e para os governos dos dois lados do Canal da Mancha reestruturarem suas leis e compromissos comerciais.

Logo, o Brexit mesmo não deve acontecer tão cedo. Principalmente porque para aceitar essa ideia de período transitório, os europeus devem insistir que a livre circulação de pessoas é condição “sine qua non”.

Outro ponto crucial é que Theresa May deve oferecer hoje uma compensação financeira para a União Europeia durante esse período estendido de negociações, algo na ordem de vinte bilhões de euros.

Parece uma cifra fabulosa, mas aqui mesmo no Reino Unido se reconhece que ela é apenas um aperitivo antes do prato principal que, estima-se, vira com uma conta salgada que pode chegar a dez vezes mais que isso.

Sobram impasses e faltam certezas sobre o divórcio britânico da Europa simplesmente porque esse é um cenário bizarro que poucos acreditavam que aconteceria.

Hoje, na Itália, Theresa May vai tentar colocar alguma ordem nessa história, mas até mesmo o evento em si é bastante inusual. Um chefe de governo estrangeiro discursando numa cidade escolhida por simbolismos históricos e culturais, mas sem anfitriões locais nem um fórum internacional específico é algo que os protocolos diplomáticos não estão habituados. Mas o Brexit também não tem tido nada de protocolar até agora.

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