Presidente de federação se diz indignado com acusação de locaute: estão procurando “bode expiatório”

Folhapress Flávio Benatti reclamou de "injustiças" com o setor empresarial

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o presidente da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo), Flávio Benatti, rebateu as acusações que tem sido feitas – inclusive pelo governo federal – à greve dos caminhoneiros sobre suposto locaute (termo usado quando os patrões impedem os trabalhadores de exercer sua atividade). De acordo com ele, a denúncia é “uma coisa maldosa de quem não quer assumir a responsabilidade de seus atos”.

“Sinto que, pela falta de atitude, está se procurando um bode expiatório. Está se fazendo uma grande injustiça com o setor empresarial, que tem sofrido tanto quanto os caminhoneiros. Em relação ao diesel estamos com eles, sim, sempre estivemos e sempre alertamos o governo! Agora, querer usar um vídeo editado em uma grande rede de TV do país é uma coisa maldosa de quem não quer assumir responsabilidade de seus atos (…). Não tem cabimento. Estou indignado”, declarou.

Benatti fez referência à notícia que tem circulado na imprensa sobre uma investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a federação por conta de um vídeo divulgado por ela na internet. Nesse vídeo, a entidade mostra quais seriam as consequências para o país de uma paralisação de caminhoneiros. Por isso, para a investigação, poderia ser uma “prova” do citado locaute.

“Na realidade, a federação e outras entidades do setor de transporte do mundo todo promovem campanhas permanentes pela valorização da imagem do caminhão. Ele é grande, lento, em uma cidade com falta de infraestrutura acaba ocasionando uma antipatia grande. Lá atrás, a associação nacional fez a campanha ‘Sem caminhão o Brasil para’, depois o sindicato de São Paulo fez a ‘Se tá na mão vem de caminhão’. São para mostrar que tudo que chega no consumidor em algum momento passa pelo setor rodoviário. A intenção foi essa. E o vídeo foi lançado em maio do ano passado, não agora”, explicou.

“Greve era anunciada”

O presidente da Fetcesp ainda fez duras críticas à política de preços da Petrobras e à postura do governo federal – que, segundo ele, passou muito tempo sendo alertado pelas entidades sobre a possibilidade de uma “greve anunciada”.

“Dizer que o setor empresarial é responsável por isso é uma grande injustiça. Era uma greve anunciada, todos já sabiam que ia acontecer no dia 21. É lamentável que queiram transferir a responsabilidade do governo de ajustar a política de preços para o setor empresarial. Não tem cabimento. Estamos sendo altamente prejudicados. Os empresários não sabem como vão pagar as contas. Alguém teria a loucura de fazer isso? É um absurdo. Classifico como um tremendo absurdo”, disparou.