Para Augusto Nunes, Doria corre risco de ser atropelado se não rever postura sobre lockdown

Prefeitos se rebelam contra medidas restritivas do governo estadual e deixam tucano em maus lençóis

  • Por Jovem Pan
  • 29/12/2020 21h28 - Atualizado em 29/12/2020 21h33
Sebastião Moreira/Efe - 12/12/2020 João Doria segurando dose da Coronavac Defensor do lockdown, o governador João Doria deixou os prefeitos de São Paulo descontentes

O Estado de São Paulo vive uma espécie de rebelião entre os prefeitos. Com o Réveillon se aproximando, muitos deles, alguns do PSDB, contrariaram a medida de João Doria e se retiraram da fase vermelha, mais rígida. No litoral paulista, Praia Grande, Peruíbe, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba vão abrir a orla durante o final do ano. O tema foi discutido no programa “Os Pingos nos Is”. Para os comentaristas da Jovem Pan, João Doria está pagando por não admitir que errou ao decretar o total enclausuramento dos cidadãos paulistas. “O Supremo Tribunal Federal, ao decidir que o combate à pandemia seria conduzido por prefeitos e governadores, criou um problema difícil de se resolver. Os prefeitos têm o direito de decidir o que fazer nas suas cidades. Mas ao mesmo tempo, os governadores têm o direito de decidir o que fazer em seus estados. No começo, o rebanho acompanhou o sinuelo. Eles aceitavam o que diziam o governador. Poucos prefeitos discordaram frontalmente. Agora são muitos. Essa é uma rebelião em seu começo, é irreversível, e os governadores que não entenderem isso serão atropelados pela história”, disse Augusto Nunes.

Para José Maria Trindade, a revolta dos prefeitos “já era previsível. “Existia resistência dentro do próprio partido sobre como enfrentar a pandemia. Ninguém duvida da letalidade do novo coronavírus, é uma pandemia muito séria que deixa o mundo de joelhos. O que a gente discute muito é como enfrentar o problema. Não há como admitir que houve erros. Eu estou vendo esses erros sendo repetidos como filme de terror. Em Manaus, a mesma história de armar filas para enterros. Os governantes haviam ganhado um tempo para preparar hospitais e aprender. Um ano, e não mudou nada. Os prefeitos estão agindo contra essa hipocrisia”, disse o jornalista. Já Guilherme Fiuza lembrou que era possível fazer um lockdown mais efetivo.  “O governador João Doria, o governador da Califórnia [Gavin Newson], o prefeito de Belo Horizonte [Alexandre Kalil], todos esses xiitas do lockdown, todos que vieram com essa diretriz totalitária, tinham que mostrar [exemplos de que a quarentena rígida funciona]… O governador de São Paulo usou o Instituto Butantan para afirmar o número de vidas salvas pelo lockdown. Mentira. Não tinha e nunca tiveram como demonstrar. Poderia haver um lockdown inteligente, com a segregação dos vulneráveis. Não aconteceu.”

Ana Paula Henkel deu o exemplo dos Estados Unidos, em que dois estados “muito parecidos no clima e nas pessoas”, a Califórnia (governada por democratas) e a Florida (sob administração republicana), adotaram medidas distintas. “Aqui na Califórnia, tudo foi trancado. Na Florida, houve uma segregação do grupo de risco… E no entanto, a contaminação e as mortes na Florida, onde o governador não fugiu da seriedade, são muito menores. Os parques estão abertos, a Disney está aberta, e a população viu que precisa conduzir a vida com uma responsabilidade bem diferente, mas a economia não está sufocada”, disse a comentarista. O programa debateu também a “hipocrisia” de Felipe Neto. O youtuber, que defende o isolamento sob qualquer custo, foi gravado jogando futebol no Rio de Janeiro. “O problema é o Felipe Neto vigiar a vida de meio mundo e fazer o contrário do que vem pregando”, declarou Ana Paula.

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