Pazuello vê colapso em Manaus e diz que governo trabalha para entregar oxigênio
Em transmissão ao vivo ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde afirmou que fila para leitos já tem 480 pessoas; Bolsonaro disse que a situação no estado ‘está complicada’
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitiu nesta quinta-feira, 14, que Manaus vive um “colapso” no sistema de saúde devido ao aumento de casos e internações pela Covid-19. A capital do Amazonas sofre com cemitérios lotados e falta de leitos e oxigênio nas unidades hospitalares. “Manaus teve o pior momento da pandemia em abril, já houve um colapso no atendimento que foi revertido, e agora estamos novamente em uma situação extremamente grave. Há um colapso no atendimento de saúde, a fila para leitos está crescendo bastante, já tem 480 pessoas… Também há diminuição na oferta do oxigênio”, disse o ministro em transmissão ao vivo ao lado do presidente Jair Bolsonaro, ressaltando que não há “interrupção” no fornecimento do produto.
Pazuello elencou alguns motivos para o aumento de casos do coronavírus, como a falta de tratamento precoce contra a doença, aliado ao uso da hidroxicloroquina pelo governo de Jair Bolsonaro; o clima chuvoso e úmido, que favorece as complicações respiratórias; e a falta de atendimento especializado na cidade. “Não teve a efetiva ação no tratamento precoce contra a Covid-19 e isso impactou muito na gravidade da doença, a infraestrutura de atendimento especializado é baixíssima em Manaus. Se você juntar esses dois fatores e colocar o clima, vai ter grande procura por estrutura e tratamento especializado. São duas grandes faltas, oxigênio e recursos humanos”, afirmou. Ele disse, ainda, que “é absurdo” esperar o quadro clínico agravar para buscar ajuda médica. “É um absurdo termos pessoas no Brasil pleiteando que uma pessoa com Covid fique em casa esperando agravar, e depois que agravar vá para o tubo.”
Segundo ele, o governo está trabalhando para entregar mais oxigênio e atender as pessoas internadas em UTIs. “Estamos apoiando [o estado] em todos os aspectos: na ponte aérea, fluvial e terrestre. Agora, estamos começando a remoção de pacientes de menor gravidade para diminuir o impacto”, declarou. Já Bolsonaro se limitou a dizer que a situação em Manaus “está complicada”. Além disso, criticou a falta de tratamento precoce, que ele defende como o uso de medicamentos sem comprovação científica para a doença, como a cloroquina, ivermectina e vitamina D. “A cada 10 intubados, sete morrem. Eu lembro do Mandetta. Fique em casa, quando sentir falta de ar procure o hospital. Aí, você lembra a pressa para comprar respirador. Foi uma festa. Mas não vou acusar o Mandetta de ter mandado ficar em casa para o pessoal superfaturar respirador, foi uma coincidência”, afirmou.
Situação no Amazonas
Diante do aumento do número de casos de coronavírus, o estado do Amazonas enfrenta o colapso da rede hospitalar. Em algumas unidades, como o Hospital Universitário Getúlio Vargas, funcionários afirmam que não há oxigênio para atender os pacientes, que têm sido submetidos a oxigenação manual. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o governador do estado, Wilson Lima (PSC), afirmou que o cenário local é de guerra, deu detalhes sobre o plano de ação, desenvolvido em conjunto com o Ministério da Saúde, para o transporte de pessoas hospitalizadas para outros estados, e pediu à população que mantenha o distanciamento social.
“A situação em nosso estado é muito difícil. É bem difícil. Os casos de Covid-19 aumentaram significantemente nos últimos dias. Há indícios de uma variante diferente, com várias mutações e com poder maior de transmissibilidade. Isso fez com que várias pessoas fossem infectadas, superlotando as nossas unidades. Ontem, tive uma reunião com a empresa responsável pelo fornecimento do oxigênio para o estado. Me informaram que tínhamos um pouco mais de fôlego para atender a rede hospitalar, mas, no fim da noite, fui comunicado que não haveria mais condições de fornecer oxigênio em quantidades suficientes. Temos cinco unidades com seus estoques em estado críticos. É uma situação bem difícil porque temos mais que o dobro de internações quando da época do primeiro pico da pandemia”, disse Wilson Lima à Jovem Pan.
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