George Clooney contra o espólio artístico nazista

  • Por Agencia EFE
  • 09/02/2014 14h22
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Fernando Mexía.

Los Angeles, 9 fev (EFE).- George Clooney gosta dos velhos filmes de guerra, desde “Fugindo do Inferno” (1963) a “Os Guerreiros Pilantras” (1970), tramas de missões suicidas com grandes elencos que olham para o conflito com certo romantismo heroico, o mesmo que ambiente que Clooney tentou criar em seu novo filme, “Caçadores de Obras-Primas”.

O ator ficou fascinado com a história ao ponto de ter se transformado em “algo pessoal”, admitiu à Agência Efe em entrevista em Los Angeles, contá-la na tela grande.

Ambientado no fim da Segunda Guerra Mundial, o filme conta a história real de um grupo de artistas, arquitetos e curadores de museus que se alistaram no exército americano para conseguir salvar o espólio artístico dos nazistas na Europa.

“Realmente, não sei muito de arte, embora gostaria de ser conhecedor, mas adoro a ideia do que eles representaram. Não era suficiente que Hitler quisesse te matar; ele queria roubar sua história, como se você nunca tivesse existido, nunca tivesse estado ali, e para fazer isso se dedicava a roubar toda a arte”, disse.

O ator assumiu a direção, a produção, a adaptação do roteiro (inspirado no livro “The Monuments Men”, sem edição em português), junto com seu assíduo colaborador Grant Heslov, e protagonizou o longa, que “é como um filme de ataque e um de guerra ao mesmo tempo”, nas palavras de Matt Damon, que também está no elenco.

É o sexto projeto que os amigos fazem juntos. E o poder de atração de Clooney trouxe para o set estrelas do calibre de Bill Murray, John Goodman, Jean Dujardin, Bob Balaban, Hugh Bonneville e Cate Blanchett para dar vida aos intrépidos estudiosos, nem tão novinhos e completamente fora de forma.

O grupo comandado por Frank Stokes (Clooney) foi para a frente europeia, onde os alemães batiam em retirada com obras de arte sob o braço e outras muitas escondidas, e sua missão, longe de provocar rejeição, contou com a aprovação do presidente Franklin D. Roosevelt e do general Eisenhower.

Entre os achados esteve a mina de sal de Altausee, na Áustria, onde os militares germânicos armazenaram mais de 6.500 pinturas, 230 desenhos, 137 esculturas, 122 tapeçarias e centenas de livros valiosos, um tesouro que, de acordo com Damon, era digno de ser salvo, mesmo com o risco de morrer na tentativa.

“Acho que é o correto quando se trata deste tipo de arte; quero dizer, se minha casa estivesse em chamas, não acho que entraria para resgatar as pinturas feitas pela minha filha… A arte é ápice de nossa cultura, o melhor que os seres humanos jamais fizeram. Se a perdemos, realmente perdemos quem somos”, valorizou.

No filme, as obras que chamam mais atenção dos nazistas, dos americanos e dos russos são a “Madonna” da cidade belga de Bruges, uma escultura de Miguel Ángel e o retábulo de Gent atribuído a Hubert Van Eyck e seu irmão Khan.

Clooney rodou “Caçadores de Obras-Primas”, seu quinto filme como diretor, na Alemanha e no Reino Unido, com mais diálogos que disparos, e os atrasos na montagem por causa dos efeitos especiais fizeram com que a estreia fosse adiada até 2014.

O lançamento nos EUA estava previsto para 18 de dezembro, o que teria permitido ao filme entrar na corrida pelo Oscar, que será entregue em 2 de março, uma alteração que diminuiu as expectativas sobre a qualidade de uma produção que, no papel, parecia ter poder de aspirar a estatuetas.

“Caçadores de Obras-Primas” teve sua estreia internacional ontem, sábado, no Festival de Cinema de Berlim. EFE

fmx/cd

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