“Malévola”: uma malvada não tão má com a força de Angelina Jolie
Alicia García de Francisco.
Madri, 30 mai (EFE).- A maldade por excelência das histórias infantis se personifica em “Malévola”, uma fada traída e que atua movida pela dor, muito afastada da rancorosa bruxa de “A Bela Adormecida”, um dos contos mais adaptados para o cinema e que agora chega com uma impressionante Angelina Jolie como protagonista.
Desde que a Disney adaptou à animação, em 1959, o conto de Charles Perrault ganhou muitas versões cinematográficas e se mantendo inalterável até hoje, quando Angelina Jolie reinterpreta Malévola em uma cara mais humana e moderna e a partir de outro ponto de vista.
Um filme que chega hoje às salas de todo o mundo e que surpreende, algo que parecia ser impossível após a avalanche de novas adaptações de contos clássicos dos últimos anos. “Chapeuzinho Vermelho”, “Branca de Neve” (duas vezes), “João e Maria” ou “Alice no País das Maravilhas” inundaram as telas dos cinemas com maior ou menor fortuna.
Com “Malévola” a Disney prova agora que o filão dos contos de fadas ainda não se esgotou, e faz isso propondo uma versão muito diferente de “A Bela Adormecida” e, sobretudo, da relação da bruxa com a doce Aurora.
Malévola é uma fada, inocente, feliz e otimista até conhecer um menino humano que quebra o seu coração e que se transformará no rei do território vizinho, graças a uma traição para demonstrar sua lealdade ao monarca anterior. Razões que justificam a atitude vingativa de Malévola, que se transforma em uma bruxa má, mais parecida ao personagem original do conto de Perrault.
Mas sua relação com a sorridente e bondosa princesa Aurora, interpretada por Vivienne, de quatro anos, filha na vida real de Angelina e Brad Pitt, e na adolescência por Elle Fanning, tem outro rumo na história. Uma Malévola cuja dura imagem externa está montada para contrastar com sua complexa personalidade.
Angelina usou prótese nas maçãs do rosto para que parecessem extremamente finas e ficou com orelhas pontiagudas, além dos chifres pretos que lhe conferem um aspecto ameaçador. Tudo isso fica completo com um figurino que passa do verde ao preto em sua fase mais dura.
Quatro horas diárias de maquiagem transformavam à atriz em Malévola, à qual rodeia um mundo de fantasia recriado nos estúdios Pinewood, em Londres, onde foram construídos 40 ambientes diferentes, incluindo um grande salão de 460 metros quadrados.
Além disso, o castelo do rei é uma reprodução do mostrado na animação e demorou 14 semanas para ser erguido. Já a cabana em que Aurora passa sua infância com três magas, interpretadas pelas atrizes Imelda Staunton, Juno Temple e Lesley Manville, conta com um autêntico teto de palha.
Uma estética muito cuidadosa para o grande espetáculo visual que representa a estreia na direção de Robert Stromberg, conhecido por seu trabalho nos efeitos especiais e ganhador de dois Oscar na direção de arte de “Alice no País das Maravilhas” e “Avatar”.
Estreia de peso para Stromberg, que queria mostrar uma Malévola mais realista que nas outras adaptações do conto e que os espectadores vissem o personagem de um novo ângulo, além de conhecer “a gêneses de alguns elementos da história que lembram o filme original”, segundo assinala no “dossiê” do filme enviado à imprensa.
Esta visão casava perfeitamente com a imagem que Angelina queria dar à Malévola e com a qual se envolveu pessoalmente, desenhando até mesmo as lentes de contato usadas durante as filmagens, assim como participando da produção do filme.
“Quando era menina, temia e amava a Malévola, ao mesmo tempo. Em algumas ocasiões, as crianças se veem atraídas por aquilo que dá medo ou que não entendem. Eu a via como uma mulher tão poderosa e que parecia passar tão bem, apesar de ser perversa, que me provocava uma enorme curiosidade”, explicou Angelina em uma entrevista à Agência Efe antes da pré-estreia do filme em Londres.
O resultado disso é um filme divertido, com muita força visual e que mostra que sempre se pode dar um giro em qualquer história, por mais conhecida que seja. EFE
agf/cdr
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