‘Feminismo é igualdade de gênero, não superioridade’, diz atriz de ‘Roma’

  • Por Jovem Pan
  • 11/04/2019 17h17
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EFE Yalitza Aparicio foi indicada ao Oscar de melhor atriz por "Roma", da Netflix

De professora em uma escola no interior do México a estrela internacional de cinema numa fama meteórica, Yalitza Aparicio tem certeza de que quer usar o acesso a essa nova posição para lutar a favor dos direitos das mulheres e evitar distorções na definição de feminismo.

Protagonista de “Roma“, filme da Netflix vencedor de três Oscar neste ano, Yalitza acredita que o termo “feminista” desperta receio em certos setores da sociedade, e algumas pessoas, inclusive mulheres, erroneamente vinculam a palavra à “superioridade feminina” e ao desprezo pelos homens.

“Ser feminista é buscar a igualdade de gênero, não mostrar superioridade. Todos somos iguais e merecemos os mesmos direitos”, afirmou a atriz, que participa do Festival Internacional de Cinema do Panamá (IFF).

No quarto do hotel onde está hospedada e com gestos tímidos, ela defende que aos poucos os avanços vão sendo alcançados e cada vez mais homens se somam à causa, embora não se atrevam a se declarar publicamente pró-feministas por medo de discriminação. “Já temos avanços [em matéria de igualdade]. Tomara que não desistamos do que estamos fazendo”, acrescentou a atriz.

Yalitza, de 25 anos, nasceu no estado de Oaxaca, um dos mais pobres do México, e no começo do ano se tornou a primeira mulher indígena a ser indicada ao Oscar na categoria de melhor atriz por sua interpretação no aclamado filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón. “Num dia estava estudando para ser professora, terminei o curso, e no outro era atriz”, contou a jovem. Ela quer continuar atuando e vêm analisando diferentes propostas. “Estou aberta a qualquer tipo de papel e a continuar interpretando essas mulheres da vida cotidiana”, revelou.

Em “Roma”, a atriz dá vida a Cleo, uma empregada doméstica de origem mixteca que trabalha para uma família de classe média alta na Cidade do México no início dos anos 70.

O filme, rodado em preto e branco e inspirado na infância de Cuarón, não é só uma homenagem às mulheres que entregam suas vidas para facilitar a de milhões de famílias no mundo todo, mas também um tributo ao matriarcado e a todas as mulheres “em geral”, na opinião de Yalitza. “Na minha comunidade, as mulheres são o sustento das famílias e as que nos estimulam a seguir em frente”, acrescentou a atriz.

A produção, que também recebeu críticas por causa de seu ritmo e duração (2h15m), provocou uma reflexão sobre as condições de trabalho às quais muitas empregadas domésticas são submetidas e contribuiu, entre outros aspectos, para que o México incluísse recentemente essas trabalhadoras na Previdência Social.

“Eu era uma dessas pessoas que não via o impacto que um filme pode ter. ‘Roma’ conseguiu muitas coisas. Cabe principalmente aos governos, trabalhadores domésticos e empregadores lutar pela dignidade da profissão”, declarou a atriz.

O salto à fama da jovem professora não foi um caminho fácil. Ela teve que suportar críticas cruéis devido à falta de experiência e chegou a ser alvo de preconceito por sua origem indígena. “Não é preciso chegar a Hollywood para saber que esta profissão é complicada e tem discriminação. Tomara que as coisas mudem e que haja mais oportunidades para as pessoas e deixemos de lado os estereótipos que tanto nos afetam como sociedade”, concluiu Yalitza.

*Com EFE

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