Fifa já prepara suspensão “severa” para Marco Polo Del Nero, presidente da CBF
Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, fez o que pode para mostrar que estava sendo prestigiado pelo presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino, que na semana passada esteve no Rio de Janeiro. O cartola brasileiro entregou uma camisa da seleção e ainda saiu em uma foto “oficial” ao lado do dirigente estrangeiro. O objetivo era o de mostrar que estava respaldado – mas isso não vai evitar que ele seja suspenso pela entidade.
O jornal O Estado de S.Paulo apurou com exclusividade que Del Nero deve ser suspenso do futebol – e portanto da CBF – até o final do ano pelo Comitê de Ética da Fifa. Até lá, a entidade brasileira não irá receber o valor de US$ 100 milhões prometidos por Zurique como “legado da Copa do Mundo de 2014”. Uma fonte do mais alto escalão da Fifa confirmou à reportagem que as investigações sobre o brasileiro caminham e que o processo aponta para uma punição severa.
Del Nero foi indiciado pela Justiça dos Estados Unidos por corrupção e lavagem de dinheiro. Há mais de um ano ele não sai do Brasil, sob o risco de ser preso. Mas, ainda assim, se manteve como presidente da CBF.
Ao contrário do que seus aliados no Brasil vem declarando, o apoio a Del Nero dentro da Fifa é praticamente inexistente. Ele tem sido representado nas reuniões pelo vice-presidente Fernando Sarney, que foi bem recebido pelos demais dirigentes. Mas, na avaliação da cúpula da Fifa, o Brasil “não pode viver essa situação constrangedora”.
Ele também foi alvo de uma investigação na Fifa, aberta já no ano passado. Por conta de um acúmulo de casos e de dificuldades de obter acesso aos documentos de seu indiciamento nos Estados Unidos, o processo na Fifa tem andado de forma lenta. Mas a fonte garante que isso mudará no segundo semestre.
Pessoas com acesso ao dossiê de Del Nero também apontam que as evidências recebidas são “volumosas” e que sua suspensão seria importante. Fontes de confiança de Infantino também revelam que o presidente da Fifa ficou “extremamente incomodado” com sua passagem pelo Rio. O suíço tinha como objetivo participar da abertura dos Jogos Olímpicos e queria aproveitar sua passagem para se reunir com os clubes.
A CBF acabou forçando uma situação para que o dirigente fosse obrigado a se reunir na sede da entidade e com a presença de Del Nero. Durante o encontro, porém, o representante brasileiro acabou ficando em silêncio e, segundo estrangeiros que participaram da reunião, era “nítido” seu constrangimento.
Del Nero ainda tentou levar Infantino à estreia da seleção olímpica, em Brasília, para mostrar o suposto apoio. O presidente da Fifa alegou problemas de agenda para escapar do ato. Sua avaliação é de que dirigentes como Del Nero precisam entender “que seu tempo acabou no futebol”.
VIDA QUE SEGUE – O presidente da CBF age como se nada estivesse acontecendo. Nesta Olimpíada, por exemplo, pretende estar presente em vários jogos tanto da seleção feminina como da masculina – esteve no Engenhão na estreia do time feminino e neste domingo saiu no final da tarde do Rio em direção a Brasília para assistir à partida do masculino, que já havia “prestigiado” no amistoso contra o Japão. Vai procurar fazer pelo menos uma visita às cidades que recebem o futebol.
Serão aparições meteóricas. A ideia é chegar no dia do jogo e voltar ao Rio no máximo no dia seguinte – no caso das partidas noturnas. Mas que servirão para que Del Nero mostre publicamente ter o apoio de dirigentes de federações. A CBF convidou todos os cartolas que apoiam a atual administração para assistirem jogos da Olimpíada, com despesas pagas pela entidade.
O presidente reassumiu seu cargo na CBF em abril, após três meses de licença sob a alegação de que prepararia sua defesa em relação às acusações da Justiça norte-americana. Na volta, o assunto praticamente desapareceu da pauta. Del Nero continuou impondo sua vontade na CBF e na seleção brasileira.
Foi dele a palavra final sobre deixar Neymar de fora da Copa América Centenário para que o Barcelona o liberasse para a Olimpíada do Rio – o jogador também preferia o torneio olímpico, mas o então técnico Dunga insistia em levá-lo para a competição nos Estados Unidos.
E Rogério Micale só teve assegurado o cargo de treinador da seleção olímpica após Tite se recusar a assumir a equipe, depois de o presidente da CBF dar o sinal verde.
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