50 anos do Tri: a campanha histórica que deu o terceiro título mundial à Seleção Brasileira

  • Por Denise Bonfim
  • 21/06/2020 08h21 - Atualizado em 21/06/2020 10h36
Estadão Conteúdo Em pé: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo e Everaldo. Agachados: Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé e Paulo César Caju

Todo título de Copa do Mundo é marcante. A emocionante trajetória no mata-mata, os maiores craques do futebol mundial reunidos e o país parado por 90 minutos. Mas, no Brasil dos anos de 1970, em meio a um cenário politicamente conturbado, o tricampeonato vencido pela seleção de ídolos se tornou uma das maiores, se não a maior, conquista da seleção brasileira.

No México, o ícone Mário Jorge Lobo Zagallo comandou o time rumo a terceira conquista em Copas, que teve direito a time “galáctico”, roubo da taça e momentos memoráveis. Vamos recordar?

“O tesouro do futebol”, estampava uma manchete com a foto de Pelé após a conquista do título, em 21 de julho. Seria injusto, porém, apontar apenas o Rei como responsável pelo título que até hoje, 50 anos depois, habita o imaginário popular. A “melhor seleção de todos os tempos” contava com Tostão, Jairzinho, Rivelino, Gérson, Clodoaldo, Piazza, Paulo Cesar Caju, Zé Maria, Leão, Jairzinho e Carlos Alberto Torres, eternizado como “capita”, por ostentar a braçadeira de capitão durante a disputa.

Primeira fase

A caminhada do Tri teve início mais de um mês antes, em Guadalajara, diante da Tchecoslováquia. A seleção começou perdendo, mas empatou com um golaço de Rivellino, ainda no primeiro tempo, como não poderia deixar de ser. No segundo tempo, Pelé e Jairzinho – esse, duas vezes -, marcaram para fazer 4 a 1 no placar.

O segundo jogo da fase de grupos foi contra a Inglaterra, até então campeã mundial. Jairzinho, novamente, marcou para a seleção. O destaque ficou para a defesa de Gordon Banks, goleiro inglês, em uma cabeçada incrível de Pelé. O lance é considerado a maior defesa de todos os tempos.

Invicto e confiante, o Brasil pegou a Romênia no último jogo antes das quartas de final. Sem dificuldades, emplacou um 3 a 2 com Pelé e Jairzinho. O jogo entrou para a história também com a primeira substituição de um goleiro na história das Copas, entre Raducanu e Adamache.

Quartas de final

Nas quartas de final, o adversário tinha um estilo conhecido. (Muito bem) treinado pelo brasileiro Didi, o Peru deu trabalho. Muitos consideram um dos times mais bem montados da história do país. Tostão, Rivelino e Jairzinho marcaram os quatro gols da seleção. Gallardo, que atuava pelo Palmeiras, e Cubillas, fizeram os gols do rival.

Semifinal

A semifinal foi no estádio Jalisco, em Guadalajara, onde a seleção brasileira já tinha conquistado os corações dos mexicanos. Era como se aquele Brasil x Uruguai fosse disputado em casa.

O fantasma da final de 1950, 20 anos antes, ainda rondava e rivalizava as duas seleções. Aquele seria o primeiro confronto desde a fatídica derrota dos brasileiros em casa.

O placar se moveu pela primeira vez após uma falha do goleiro Félix e do zagueiro Brito, pelos pés de Cubilla. Logo depois, Clodoaldo empatou para o Brasil, que voltou mais solto após o intervalo. Jairzinho e Rivelino decidiram, e a partida terminou em 3 a 1 para o Brasil.

Final

Do outro lado, quem vinha era a Itália, que eliminou a Alemanha na prorrogação no que foi considerado um dos maiores confrontos de seleções da história. Em 21 de junho, Brasil e Itália, dois campeões mundiais e seleções mais tradicionais de futebol, se enfrentavam pela posse definitiva da Jules Rimet.

No trilar do apito, o Brasil saiu na frente com Pelé, após um cruzamento de Rivelino. Roberto Bonisaga, sozinho, empatou em uma pane da defesa brasileira. Tecnicamente o Brasil era melhor, e a superioridade técnica tão logo se transformou e gols. Aos 20 minutos, Gerson cruzou forte, guardando no canto esquerdo de Albertosi. Dos pés de Gérson também saiu a falta que originou o terceiro gol do Brasil. Pelé cabeceou para Jairzinho.

Carlos Alberto Torres fechou o placar, em um lance que passou pelos pés de dez dos onze jogadores do elenco. O gol mais bonito de todos os tempos, como elegeu a BBC.

Jules Rimet

Por causa do tricampeonato, o Brasil ganhou o direito de ficar com a Taça Jules Rimet permanentemente. A imagem de Carlos Alberto Torres erguendo a taça é icônica, lembrada até hoje como uma das mais marcantes imagens da conquista. Anos depois, ela foi roubada de uma exposição no Rio de Janeiro, e nunca mais foi encontrada.

Mário Jorge Lobo Zagallo

O tri da seleção brasileira consagrou Zagallo, e escreveu seu nome para sempre na história do futebol mundial. Com o título, ele se tornou um entre os três homens em todo o mundo a conquistarem uma Copa do Mundo como jogador – em 1958 e 1962, e como treinador. Em sua biografia, há ainda espaço para o tetra, em 1994, como auxiliar técnico, e o vice-campeonato em 1998, novamente como treinador.

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