Em reencontro, Fernando Diniz vê São Paulo em lua de mel com Hernán Crespo
Demitido do Tricolor em fevereiro, técnico observa da Vila Belmiro o êxito que seu sucessor conquistou no Morumbi; argentino foi campeão paulista e fez o que paulista não conseguiu: tirou o time são-paulino da fila
Santos e São Paulo se enfrentam a partir das 18h15 (de Brasília) deste domingo, 20, na Vila Belmiro, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. O confronto marca, entre outras coisas, o reencontro entre Fernando Diniz, treinador do Peixe, e o Tricolor, que demitiu o profissional há mais de quatro meses. Amado por alguns torcedores são-paulinos e odiado por muitos outros, o técnico revê o time do Morumbi em lua de mel com Hernán Crespo e sem o peso de estar na fila de títulos – sob o comando do argentino, a equipe que conta com Pablo, Daniel Alves, Luciano e companha encerrou o jejum de oito anos ao conquistar o Campeonato Paulista de 2021.
O título do Estadual, no entanto, também passa pelo trabalho feito por Fernando Diniz entre setembro de 2019 e fevereiro de 2021. O principal “legado” do técnico, sem dúvida, foi a contratação de Luciano, que chegou “de graça” ao clube do Morumbi em troca com o Grêmio envolvendo o meia Everton. Titular durante a última temporada, o atacante até oscilou com Crespo, mas retomou o bom futebol, sendo responsável por marcar o segundo gol da vitória sobre o Palmeiras, na grande decisão do Paulistão. Outra herança dos tempos de “Dinizismo” foi o defensor Léo. Em entrevista exclusiva ao Grupo Jovem Pan, em abril deste ano, ele falou da importância do técnico na mudança de seu posicionamento em campo. “No ano passado, o Fernando Diniz conversou comigo em trinta ou quarenta minutos. Ele colocou o ponto de vista dele, enquanto eu coloquei o meu. Chegamos a um denominador comum. Eu comprei a ideia dele. Hoje, me vejo como lateral e zagueiro. Então, estou levando essa posição para mim e para minha carreira”, disse o jogador, que hoje virou titular no esquema de Hernán Crespo.
Mas não foi apenas Léo quem ganhou espaço no Tricolor sob a batuta de Fernando Diniz. Com o calendário “inchado” devido à pandemia do novo coronavírus, Crespo também precisou rodar bastante o elenco e usar atletas oriundos das categorias de base, como Rodrigo Nestor, Gabriel Sara e Igor Gomes, por exemplo. Os últimos dois, especificamente, viveram o seu melhor momento com o atual técnico do Santos, evoluindo bastante e se mostrando jogadores mais confiáveis. Um dos capitães do time, Daniel Alves fez questão de mencionar Diniz na comemoração do título, citando justamente este ponto. “Eu sou suspeito para falar porque o cara virou um irmão meu, mas metade disso aqui o Diniz tem muito, porque o trabalho que ele fez e a potencialização que ele gerou nos jogadores aqui dentro é muito grande. Eu costumo dizer que a vitória às vezes não é um título, é você pegar as pessoas embaixo e colocar elas em cima. Esse é o grande mérito dele e desde aqui eu agradeço: te amo pra cara**. Você é f**!”, homenageou o camisa 10.
A excelente campanha do São Paulo no Paulistão de 2021, porém, também passa por várias outras mudanças. A nova diretoria, chefiada por Julio Casares, trouxe reforços de impacto, como o zagueiro Miranda, o meio-campista Benítez e o atacante Eder. Os dois primeiros fizeram parte da seleção do campeonato, que teve o argentino como craque. Fora isso, as mudanças feitas por Hernán Crespo foram fundamentais. Se o São Paulo terminou a temporada em baixa, vendo o título do Brasileirão escapar entre os dedos, a equipe liderada pelo argentino se mostrou altamente competitiva. Com um esquema com três zagueiros e muita intensidade, o Tricolor passou a ser mais seguro defensivamente. Na frente, o talento de Daniel Alves foi potencializado com a mudança de posicionamento – o craque saiu do meio-campo e foi para a ala direita.
Agora, Diniz reencontra o São Paulo em uma tranquilidade que não se via há muitos anos. Mesmo com o mau início no Brasileirão, onde o Tricolor soma apenas 2 pontos em quatro rodadas, a relação entre a torcida são-paulina e o técnico Crespo é de muita admiração e respeito. Prova disso é que no empate diante da Chapecoense, no Morumbi, uma das uniformizadas estendeu uma faixa com a frase “onde não chegam as pernas, vai chegar o coração”, proferida por Crespo em seus primeiros dias no time paulista. O argentino, em várias ocasiões, exaltou o tamanho do clube, citando o número aproximado de 20 milhões de torcedores espalhados pelo país.
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