Saiba quais os segredos do Red Bull Bragantino, sensação do Brasileiro

Mais do que a invencibilidade, a equipe de Bragança Paulista chama a atenção por demonstrar um futebol destemido diante de gigantes como Flamengo, Palmeiras e Corinthians

  • Por Jovem Pan
  • 04/07/2021 09h00
PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO Corinthians x RB Bragatino RB Bragantino venceu o Corinthians no Campeonato Brasileiro 2021, em jogo disputado na casa do Timão

Com cinco vitórias e três empates em oito rodadas disputadas, o RB Bragantino ainda não conhece o amargo sabor da derrota na atual edição do Brasileiro. Mais do que os bons resultados, a equipe de Bragança Paulista está chamando atenção por demonstrar um futebol destemido diante de gigantes do futebol brasileiro como Flamengo, Palmeiras e Corinthians, todos batidos pelo time do interior. Com o início avassalador e administração comandada com sucesso pela Red Bull, o Massa Bruta já está sendo tratado como um possível candidato ao título nacional nesta temporada. Mas quais são os motivos para o repentino sucesso do Braga? Abaixo, a Jovem Pan Online explica como a agremiação sofreu uma revolução a partir do início da parceria com a empresa de bebidas energéticas.

Considerado um clube de pouca expressão no âmbito nacional, o Bragantino se fortaleceu a partir de 2019 ao ser comprado pela Red Bull, que não entra para brincar no âmbito esportivo. Além de ter duas equipes na Fórmula 1, a empresa austríaca gerencia quatro clubes de futebol: Red Bull Salzburg (Áustria), time que domina os campeonatos nacionais no seu país; o RB Leipzig (Alemanha), já acostumado a frequentar a Liga dos Campeões; o New York Red Bulls (EUA), dono da melhor campanha da temporada regular da MLS (Major League Soccer) por três oportunidade; e o RB Bragantino, caçula da franquia, que vive um início promissor. Em todas as equipes, o modelo de gestão é baseado na aquisições de jogadores jovens que possam render e gerar lucro na revenda. Assim, o negócio se torna sustentável enquanto há divulgação da marca.

Graças à fusão com a empresa, o Bragantino passou de uma modesta equipe, acostumada a disputar divisões inferiores e com pouco poder de barganha, para um protagonista das janelas de transferência. O caso de Claudinho, camisa 10 do time, comprado da Ponte Preta por apenas R$ 2,5 milhões, é um exemplo do sucesso. Eleito o craque do último Brasileirão, o meio-campista está despertando o interesse de alguns clubes europeus e deve ser negociado após representar a seleção brasileira olímpica nos Jogos de Tóquio. Artur e Helinho, outros dois atletas considerados importantes no time de Maurício Barbieri, são jovens que entregam dentro de campo e também podem render uma bom dinheiro no futuro. O primeiro foi adquirido por R$ 27 milhões após passagem discreta pelo Palmeiras, enquanto o segundo está emprestado pelo São Paulo, mas será contratado em definitivo por R$ 22 milhões (preço estipulado em contrato). Quem também se encaixa no perfil de negociação é o meio-campista Bruno Praxedes, que deixou o Internacional na semana passada após o clube gaúcho aceitar a proposta de R$ 36,9 milhões.

Atento ao mercado da bola, a diretoria também notabiliza-se por fechar com jogadores em fim de contrato. O lateral direito Aderlan e o zagueiro Léo Ortiz são exemplos que deram certo — o último, inclusive, acabou sendo chamado por Tite, técnico da seleção brasileira principal, para substituir Felipe durante a Copa América. Caso parecido é o de Ytalo. O centroavante, artilheiro do time no Brasileirão, está no clube antes da fusão com a Red Bull, mas também chegou a custo zero. Em entrevista concedida ao Grupo Jovem Pan, ele falou sobre a expectativa de ser campeão nacional. “O Thiago Scuro, CEO do RB Bragantino, já disse que o projeto é de brigar por título daqui a três, quatro, cinco anos… Mas as coisas estão se encaminhando muito bem. Temos que continuar com os pés no chão, trabalhando e tentando fazer com que o nosso jogo não caia de rendimento, principalmente na parte física. Espero que a gente dê continuidade a essa boa fase. Depois, no final, nós vemos por qual posição vamos brigar”, analisou o atacante. “A vantagem é que estamos em um momento muito bom. Estou aqui há três anos, conheço bem o clube e essa fusão da Red Bull com o Bragantino vem dando muito certo. Agora, com as peças chegando, estamos encaixando cada vez mais. Espero que no final do ano a gente esteja comemorando.”

O início animador do RB Bragantino no Brasileirão, ao mesmo tempo, deve-se ao trabalho de Maurício Barbieri. Contratado na metade do ano passado para tirar o time da zona de rebaixamento, o treinador implantou no Massa Bruta um jogo de posição, em que os atletas sabem exatamente como se movimentar para confundir a marcação adversária. Além disso, a equipe ficou conhecida pela forte pressão na saída de bola dos rivais, além de contar com um contra-ataque mortal. Prova de que o modelo está dando certo é a quantidade de gols — o conjunto do interior paulista fechou a oitava rodada à frente da artilharia do Nacional, com 17 bolas na rede. O jovem técnico de 39 anos chegou até a ser exaltado pelos rivais. “O Red Bull Bragantino é uma das melhores equipes no ataque posicional, no jogo posicional. Mas o jogo posicional é apenas uma maneira de marcar gols, não é a única. Porque há equipes que são exageradamente posicionais e, depois, ficam previsíveis”, disse Abel Ferreira, em entrevista concedida na temporada passada, depois de encarar o Braga. “Enfrentamos um adversário de muita qualidade, que não faz isso apenas contra nós. Preciso dizer: não sei como esta equipe está só em 12º lugar. Temos que ser humildes e reconhecer que, do outro lado, há um adversário que tem uma coisa da qual estamos à procura, que é a frescura física”, pontuou o português, já prevendo o crescimento do oponente.

Ainda no início de sua promissora trajetória, o RB Bragantino ainda não chegou em decisões. No Campeonato Paulista, o time caiu nas quartas de final nas últimas duas edições, diante de Corinthians e Palmeiras. Na Copa do Brasil da temporada passada, foi eliminado nas oitavas, também pelo Alviverde paulista, enquanto nesta temporada acabou desclassificado na terceira fase, pelo Fluminense. Ainda assim, os comandados de Barbieri vão ganhando “casca” e mostrando competitividade. Além de estar no topo do Brasileiro, campeonato no qual terminou na 10ª colocação em 2020, o grupo ainda sonha com a taça da Copa Sul-Americana. Nos dias 14 e 21 deste mês, o Massa Bruta medirá forças com o Independiente del Valle (EQU), campeão de 2019, em duelos válidos pelas oitavas de final.

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