“Última cartada” de cartolas réus pode “implodir” futebol e complicar Catar-2022

  • Por Jovem Pan
  • 17/10/2017 15h45 - Atualizado em 18/10/2017 13h28
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EFE Blatter, fifa, catar Catar foi eleito país-sede da Copa do Mundo de 2022 em novembro de 2010. Pleito foi um tanto quanto suspeito

Com julgamentos marcados para as próximas semanas, cartolas importantes do futebol mundial tentam dar uma “última cartada” em busca da redução de penas. Um acordo de cooperação foi sugerido nos últimos dias, e as negociações com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos estão em curso. No momento, a única certeza que se tem é a de que, se forem aceitas pela Corte do Distrito de Brooklyn, em Nova York, as delações, cujos conteúdos prometem ser “bombásticos”, provocarão uma verdadeira “implosão” no esporte mais popular do planeta, podendo até mesmo complicar a realização da Copa do Mundo de 2022 no Catar.

As informações foram reveladas pelo repórter Wanderley Nogueira, da Rádio Jovem Pan. Durante o programa Esporte em Discussão desta terça-feira, Wanderley deu detalhes sobre o acordo que pode alterar os rumos do futebol mundial.

“Os advogados de todos os dirigentes que são réus, incluindo aí Ricardo Teixeira e José Maria Marin, foram à Corte de Nova York nos últimos dias para apresentar a seguinte proposta: os cartolas aceitam pagar qualquer valor de multa imposta pela Justiça dos EUA e aceitam falar tudo aquilo que ainda não falaram de dirigentes e ex-dirigentes em troca de uma ampla redução de penas, já que eles já sabem que serão condenados”, informou Wanderley.

“As punições que serão pedidas pelos procuradores americanos são duras, de dezenas de anos. Como os dirigentes perceberam que esse caminho deverá ser seguido, eles deram uma última cartada… Disseram assim: ‘defina o valor que vocês quiserem, que nós vamos pagar. E ainda vamos falar tudo aquilo que não falamos'”.

A Justiça dos Estados Unidos, de acordo com Wanderley Nogueira, não descarta firmar esse acordo de cooperação. “Ela claramente quer punir a cartolagem naquilo que mais dói, no bolso. Quer tirar até o último tostão deles. Essa possiblidade, portanto, existe. Desde que, é claro, os dirigentes paguem o valor imposto e contem tudo aquilo que não contaram. Nesse caso, haveria uma sensível redução das penas, mas também se abriria ainda mais o leque da corrupção no futebol”.

O foco da Justiça norte-americana é a eleição que definiu o Catar como país-sede da Copa do Mundo de 2022. Os Estados Unidos perderam o pleito de maneira suspeita e não descansarão enquanto não esclarecerem tudo aquilo que envolveu a votação realizada em dezembro de 2010. Os conteúdos dessas eventuais delações podem ser a peça que faltava para uma possível suspensão do Mundial de 2022 no Catar.

“A Justiça americana está com a cartolagem atravessada na garganta desde as eleições para Catar-2022. Portanto, se as delações que os dirigentes tiverem a oferecer chegarem aos homens que mandam no futebol mundial, essa proposta poderá até ser aceita. Vale aguardar”, finalizou Wanderley.

Reuters

Dois anos já se passaram desde a operação surpresa que prendeu Marin e outros

Foi em maio de 2015, ou seja, há mais de dois anos, que uma operação surpresa da polícia suíça prendeu dirigentes da Fifa envolvido em escândalos de corrupção. Entre eles estavam o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e os ex-presidentes da Concacaf (Jeffrey Webb) e Conmebol (Eugenio Figueiredo).

Marin foi extraditado para os EUA e será julgado em 6 de novembro – assim como Manuel Burga (ex-presidente da Federação Peruana de Futebol) e Juan Ángel Napout (ex-presidente da Conmebol). Além deles, outros cartolas também irão ao banco de réus nas próximas semanas para responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e o atual mandatário, Marco Polo Del Nero, também foram indiciados, mas, como não saem do País desde 2015, conseguiram evitar a prisão. Del Nero sequer deixou a presidência da entidade, mas já admite a possibilidade de se apresentar à Polícia Federal do Brasil. Teixeira, por sua vez, tem situação mais delicada: não se apresentou para prestar esclarecimento à Justiça americana e será julgado à revelia ainda neste ano.

Fabio Rubinato/AGF/Folhapress

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