Times da África e Américas fazem bom trabalho e se aproximam do Brasil, diz Pintado
O técnico Pintado tem larga experiência no futebol brasileiro, tendo treinado diversos clubes por aqui. Após passar um período como auxiliar-técnico no Cruz Azul, do México, o ex-treinador de São Caetano e Ponte Preta consegue fazer uma comparação entre o futebol brasileiro e aquele praticado na África e nas Américas do Norte e Central. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Pintado falou sobre a distância entre esses dois mundos que cada vez mais diminui.
“Os clubes da África e da América Central também estão se desenvolvendo, têm aprendido bastante”, disse o treinador ao ser questionado se o futebol nacional está descendo ao nível dos centros menores. “Claro que o Brasil tem cometido erros incríveis na parte administrativa, na parte técnica, e na parte tática. Todos nós que trabalhamos no futebol temos culpa nesse famoso e triste 7 a 1 para a Alemanha. Mas acho que esses mercados têm um futebol mais sério e organizado que o nosso, e isso é o bastante para se aproximarem da nossa qualidade nos resultados”.
Para ele, um dos principais pontos para o bom desenvolvimento do esporte no México é o calendário. “Um dos pontos importantíssimos é ter um calendário que te dá a possibilidade de trabalhar durante a semana e fazer pré-temporada. Isso oferece condições de corrigir o caminho quando você começa, conhece e monta uma equipe. Você tem tempo para trabalhar”, elogiou Pintado.
Num momento em que Oswaldo de Oliveira tem seu cargo no Palmeiras ameaçado, o auxiliar do Cruz Azul criticou a cultura de demissão de treinadores no Brasil, a qual não deve mudar tão cedo. “É um dos grandes defeitos que temos aqui. Temos um mercado cheio de profissionais, alguns qualificados, e alguns nem tanto, que continuam naquela etapa do boleirão, do ex-jogador que cai de paraquedas e quer ser treinador. Temos de selecionar melhor em todos os setores para que se possa desenvolver um trabalho. É o primeiro passo para melhorar o futebol daqui”, analisou.
Com alta probabilidade de voltar ao Brasil, Pintado acredita que a chegada de técnicos estrangeiros pode ser benéfica ao nosso futebol, mas faz suas ressalvas. “Sempre é válido. Embora a gente não necessite, pois acho que temos gente muito boa aqui dentro. Temos de organizar nosso trabalho, porque nunca vai chegar alguém que faça milagre. Se você traz um treinador, seja do Japão, do Peru, do México, da Alemanha, e não dá condições e tempo de trabalho, é impossível de organizar, armar e consertar uma equipe jogando quarta-sábado-domingo”, disse, antes de analisar o trabalho de alguns desses treinadores.
“Acho um risco muito grande trazer alguém que não conhece o mercado, que vai sentir dificuldades, como houve com o Gareca no Palmeiras, como houve com o Passarella no Corinthians. Só nós, que vivemos no país, sabemos como resolver o problema, embora seja muito difícil. Acho um risco desnecessário, mas é importante, quem sabe o Osorio consegue fazer algo importante no São Paulo e mostre para a gente um novo caminho”, finalizou.
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